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O caminho necessário para a poupança e para o investimento passa por maior conhecimento na área financeira. Que adianta colocar todas as poupanças em produtos sem risco de capital, quando a taxa é muito baixa ou nula? Como entender os comportamentos da Bolsa de Valores?
As remessas são importantes para a economia de Portugal, mas é necessário criar condições de atração das poupanças. Uma delas é levar conhecimento às comunidades portuguesas.
Em tempos de pandemia, é determinante que a literacia financeira continue no topo das prioridades de todos, pois um maior conhecimento permitirá uma melhor alocação da poupança.
O 2.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, promovido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, diagnosticou um conjunto de lacunas aos conhecimentos financeiros dos portugueses. Por exemplo, 82% dos inquiridos identificam correctamente o saldo de uma conta de depósito à ordem num extracto, mas só 21,4% sabem o que é o spread e apenas 10,5% o que é a Euribor.
A literacia é uma batalha de todos aqueles que trabalham na indústria financeira e tem sido alvo de esforços conjuntos. Mas, numa altura em que a poupança volta a aumentar, fruto do contexto de incerteza e de confinamento trazido pela Covid-19 até Dezembro de 2020, é determinante que a literacia financeira continue no topo das prioridades de todos, pois uma melhor literacia financeira permitirá uma melhor alocação da poupança.
Este tema reveste-se de maior importância se considerarmos os números recentes do Eurostat que revelam que a taxa de poupança em Portugal disparou mais de 10% entre Abril e Junho de 2020, naquela que foi a terceira maior subida na União Europeia no período em que o consumo sofreu uma queda expressiva. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no segundo trimestre de 2020, as famílias pouparam mais de um quinto do seu rendimento disponível (22,6%), a taxa mais elevada desde pelo menos 1999.
Para poupar e aplicar esta poupança é fundamental conhecer alguns dos principais termos financeiros e económicos e definir uma estratégia de poupança em consonância com os objectivos estabelecidos.
Já diz o ditado: “Não ponhas todos os ovos na mesma cesta”. Assim, é importante diversificar os investimentos, em que poderemos aceitar algum risco, como forma de optimização do retorno, criando um portefólio de investimento robusto e bem diversificado.
Outros factores a considerar, como o actual cenário de taxas de juro em níveis historicamente reduzidos.
Adicionalmente, a utilização cada vez mais frequente de canais digitais, num momento em que as relações à distância são a regra e não a excepção, também requer mais e melhores conhecimentos financeiros. Boas escolhas são ponderadas e informadas. Este é um caminho que todos devemos fazer juntos. Estas foram algumas ideias extraída parcialmente do artigo Literacia financeira: o caminho necessário para a poupança, publicado no Jornal Económico em Dez de 2020.
Por outro lado, os Cadernos do Mercado de Valores Mobiliários, definem a poupança como um comportamento positivo (OECD, 2016), que se traduz no bem-estar financeiro para os indivíduos e as famílias. A poupança de longo-prazo oferece a possibilidade de um padrão de consumo doseado ao longo do tempo e a poupança regular e de curto prazo (i.e., de emergência) oferece uma almofada protetora do poder de compra face a um choque no rendimento (Mahdzan e Tabiani, 2013).
A literacia financeira dos indivíduos desempenha um papel importante na tomada de decisões financeiras, tendo em conta a complexidade crescente da envolvente (Potrich et al., 2016), pelo que os indivíduos devem ter os conhecimentos financeiros e a capacidade e a confiança para aplicar esses conhecimentos nas suas decisões (Huston, 2010). A literacia financeira encontra-se na agenda de governos e organizações internacionais (OECD, 2016) e tem recebido uma importância crescente na comunidade académica.
O Referencial de Educação Financeira do Plano Nacional de Formação Financeira, vem declarar que a Educação Financeira, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) (2006) , é o processo pelo qual os consumidores financeiros melhoram a sua compreensão dos produtos e conceitos financeiros e desenvolvem capacidades e confiança para se tornarem mais atentos aos riscos e oportunidades financeiras, tomarem decisões reflectidas, saberem onde se dirigir para obter ajuda e adoptarem comportamentos que melhorem o seu bem-estar financeiro.
Os cidadãos, enquanto consumidores, são regularmente confrontados com a tomada de decisões sobre finanças pessoais. Nos últimos anos, estas decisões tornaram-se progressivamente mais difíceis devido ao aumento da complexidade e diversidade dos produtos e serviços financeiros, ao mesmo tempo que o acesso a estes produtos é cada vez mais generalizado. Face a esta realidade, é importante que os consumidores adquiram conhecimentos e desenvolvam capacidades de natureza económica e financeira que lhes permitam fazer as opções mais correctas.
Segundo Orton (2007) , a literacia financeira consiste nos conhecimentos específicos relacionados com assuntos monetários, económicos ou financeiros, e nas decisões que o indivíduo é capaz de tomar sobre estes assuntos. A literacia financeira está, assim, ligada à capacidade de ler, analisar, gerir e comunicar sobre a condição financeira pessoal e à forma como esta afecta o seu bem-estar material. Inclui também a capacidade de decidir entre escolhas financeiras, discutir assuntos financeiros e monetários sem desconforto, planear o futuro e responder de forma competente às situações do dia-a-dia que envolvem decisões financeiras, incluindo acontecimentos na economia global.
No nosso Portugal, à semelhança do que acontece com outros países da União Europeia e/ou da OCDE, a Educação Financeira deve ser assumida como educação ao longo da vida, iniciando-se junto de crianças e jovens em idade escolar.
11-04-2022
O autor produziu este artigo, da sua responsabilidade, para os leitores do jornal online LUSO.EU. Escreveu de acordo com as regras ortográficas anteriores ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.