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Discurso no 37º Congresso do PSD - Lisboa 17/02/2018
Carlos Moedas·samedi 17 février 2018
1.Começo como tantos começaram hoje: com um agradecimento profundo e sentido a um homem que serviu o seu País e o seu Partido com brio e distinção.
A minha história com o PSD começa com Pedro Passos Coelho.
Trabalhei dia e noite ao lado dele, durante três anos tão difíceis para o nosso País. Tive a sorte de o poder observar nas horas mais críticas. Nos momentos mais delicados.
E hoje tenho uma única certeza:
(1) nenhum outro poderia ter liderado como ele o fez naquele momento;
(2) nenhum outro teria conseguido manter o rumo.
Nunca me esquecerei daquele dia 2 de julho de 2013. Tudo parecia cair-nos em cima. Todos pensámos que era o fim. Só podia ser o fim.
Fui ao seu gabinete em São Bento e no caminho pensei: pela primeira vez vou vê-lo irritado, derrotado, fora de si. Hoje, pensei, não pode estar calmo. Hoje não pode estar como sempre o conheci. Mas estava…
Fez um discurso que ficará para a História. Surpreendeu tudo e todos, estendeu uma mão conciliatória e abriu um processo que reforçou o nosso governo, melhorou a coligação e livrou-nos da Troika menos de um ano depois.
Por esse dia, e por tantos outros dias, Pedro, uma simples palavra: Obrigado!
2.Hoje viramos uma página. Começamos um novo capítulo na história do PSD
Devemos fazê-lo com enorme confiança e otimismo.
Sei bem que os últimos anos têm sido difíceis.
Não é fácil ganhar eleições e não governar.
Não é fácil ver outros colherem os frutos daquilo que semeamos.
Mas se pensarmos no nosso legado, se não nos fixarmos apenas nestes últimos tempos, vemos bem que somos o partido português mais forte e mais credível. E sempre o seremos:
· Lutámos contra o Estado Novo. E depois do 25 de Abril lutamos contra aqueles que nos queriam voltar a retirar a liberdade.
· Lideramos o maior movimento reformista da sociedade civil depois do 25 de Abril.
· Estivemos presentes no combate à mais grave crise económica da história da nossa democracia – quando era preciso tomar as decisões difíceis. Quando não havia dinheiro.
· Não estamos, nem nunca estivemos nem nunca estaremos presos a partidos de extrema-esquerda, anti-europeus e hostis à iniciativa privada.
· O PSD está apenas preso aos seus princípios. E são os seus princípios a chave do nosso futuro.
Por isso não nos deixemos desmoralizar pelos vaticínios catastrofistas dos bem-pensantes.
Quando chegámos ao Governo em 2011, os bem-pensantes sabiam que tudo ia correr mal.
· Sabiam que mais cedo ou mais tarde, a coligação ia colapsar. Não colapsou.
· Sabiam que mais cedo ou mais tarde, íamos falhar uma avaliação da troika. Não falhámos.
· Sabiam que mesmo cumprindo não escaparíamos a um segundo programa. Escapamo-nos.
· Sabiam que apesar de termos evitado o segundo programa, íamos obviamente ter uma derrota esmagadora nas eleições. Ganhámos as eleições.
Agora os mesmos bem-pensantes vaticinam que Rui Rio vai perder as eleições de 2019. Estão mais uma vez enganados.
Tenho acompanhado como muitos portugueses a história de Rui Rio. E penso que a sua história fala por si. É a história de um homem que deu provas. Que sabe o que quer. Que não tem medo do Futuro. São essas suas características, caro Rui Rio, que nos levarão à vitória.
Pedro Passos Coelho deixou uma geração de novas pessoas que querem ajudar e que se querem unir à volta do novo líder através das ideias e do conteúdo.
Por isso conte connosco. Por isso conte comigo.
Francisco Pinto Balsemão dizia nos 40 anos do PSD: "O PSD de hoje não é não pode ser uma fotocópia do PSD que criámos em 74. O PSD não é uma fotografia estática parada no tempo pendurada na parede. O PSD é um filme em movimento acelerado, percursor, pioneiro apoiado por portugueses que não se resignam."
E a grande questão de hoje é como é que nos podemos inspirar da fotografia do nosso passado para criar o nosso futuro.
Como disse o nosso Presidente da República temos que ter "a coragem de reinventar o nosso futuro".
Reinventar o futuro é olhar para o filme em movimento, pensar o que nos perguntarão os nossos filhos daqui a 20 anos:
· Fomos ou não capazes de preparar uma geração para um mundo em que saber programar é tão importante como saber escrever?
· Fomos ou não capazes de manter o Estado Social? A marca de uma Europa solidária
· Fomos ou não capazes de reduzir a desigualdade sem reduzir as oportunidades?
Estes são os desafios da Europa. Estes são os grandes desafios do PSD.
Mas só poderemos reinventar o futuro, se olharmos para o nosso passado.
Como escreveram os nossos fundadores a 6 Maio de 1974, o PSD tem três "traves mestras":
A Educação; A Justiça Social e a justa distribuição do rendimento.
O que é extraordinário, o que é visionário, é que 40 anos depois estas, meus amigos são as traves mestras do nosso futuro.
As traves são as mesmas, mas as respostas são forçosamente outras porque o mundo mudou.
Não temos que reinventar o PSD, temos que adaptá-lo ao futuro.
- Primeiro: Porque a questão hoje na educação já não é como dar acesso a todos, mas sim como criar um sistema que prepare os nossos filhos para um futuro que não conhecemos. Um sistema educativo que responda a uma simples pergunta: Vários estudos apontam para que 65% dos alunos que entram hoje no ensino primário trabalharão em profissões que ainda não existem.
Só podemos preparar uma geração para profissões que ainda não existem se tivermos a coragem de mudar o sistema.
O PSD terá que ser o partido que propõe essa mudança estrutural dos sistema de ensino, de um sistema que apenas transfere conhecimento para um sistema que ensina aos nossos filhos a fazer aquilo que as máquinas nunca poderão fazer. Aquilo que não poderemos nunca digitalizar: criar, sonhar, navegar entre as diferentes disciplinas, ter pensamento crítico.
- Segundo: Porque hoje a questão já não é como criar um Estado Social mas sim garantir que o Estado Social seja sustentável. A Europa tem 7% da população do mundo, gera 25% da riqueza e representa mais de 50% do investimento global no Estado Social.
Esta é a nossa marca Europeia. Mas teremos que lutar para que seja sustentável.
O PSD tem que ser o partido que propõe a transição de um Estado Social centralizador e paternalista para um modelo focado no cidadão
Em que o cidadão é o arquiteto desse Estado Social.
O PSD tem que ser o partido das propostas de reinvenção do Estado Social. O PSD da Inovação Social. O PSD da co-criação entre o cidadão, o Estado e as Empresas.
- Terceiro, porque a grande questão dos próximos 10 anos será como reduzir a desigualdade. Num mundo em que a justa distribuição do rendimento passará pela gestão política dos benefícios mas também dos impactos negativos da tecnologia.
Sabemos que a fronteira da inovação está na inteligência artificial, física quântica, ou no blockchain.
Estas tecnologias podem gerar enorme riqueza e prosperidade. Mas a verdade é que também podem acentuar as desigualdades e tornar a nossa sociedade mais frágil.
Os políticos do século XX tentavam corrigir as desigualdades de uma forma simples mas ineficaz: Mais Impostos, Mais regras, Mais regulamentos. No Século XXI muitos continuam a insistir em mais do mesmo.
Mas todos sabemos que não é sustentável. Esta nova vaga de tecnologia que vai entrar nas nossas vidas através dos sensores é uma grande oportunidade política. Porque esta nova vaga de tecnologia pode ajudar-nos a distribuir melhor a riqueza.
O PSD tem que ser o primeiro partido a pensar como é que tecnologia nos pode ajudar diminuir a desigualdade.
A inteligência artificial pode gerar desemprego, mas pode também criar novos empregos que hoje nem imaginamos. O blockchain, mais do que criar novas moedas permite transações económicas entre um criador e um consumidor, eliminando intermediários mas proporcionando novas fontes de rendimento a muitos que hoje estão excluídos da atividade económica.
Não podemos recear as novas tecnologias. Precisamos sim de fazer escolhas politicas que vão definir os próximos 20 anos.
Isto é política no século XXI não é tecnologia.
Num mundo em que a tecnologia muda todos os dias e legislação demora anos a ser construída. A política terá que se adaptar à mudança tecnológica.
Temos que propor legislação adaptada ao futuro, com cláusulas de experimentação; legislação que caduque automaticamente quando já não faça sentido, legislação que premeie a inovação, legislação que não trave o futuro.
O PSD tem que ser o primeiro partido a pensar como sincronizar a política com a tecnologia.
O PSD tem que se diferenciar por acreditar no futuro.
A esquerda mais conservadora continuará sempre a dar as repostas do passado a perguntas do presente. Porque de certa forma a esquerda conservadora tem medo do futuro. A resposta de certa esquerda é resistir ao futuro. É tentar travar o futuro.
A grande divisão Politica que vejo na Europa é entre os que sonham e abraçam o futuro e aqueles que têm medo do futuro.
Eu tenho orgulho no PSD.
Porque o PSD sempre abraçou o futuro.
Porque o PSD será sempre o partido que não tem medo do Futuro.
Viva o PSD!
Viva a Europa!
Viva Portugal!
Carlos Moedas