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A criação da segurança económica do cidadão revela-se como um objetivo decisivo na qualidade de vida, e satisfaz as mais legítimas aspirações humanas, aliás: «Um velho sonho da humanidade, que se expressa repetidamente sob a forma de utopia, a ideia da libertação do medo e das necessidades para alcançar a felicidade na terra.» (RITTER, in: CARREIRA, 1996:376).
Sabendo-se: por um lado, que durante séculos, foi a instituição familiar que suportou os encargos da proteção social dos seus elementos; também é verdade, por outro lado, que a caridade foi laicizada, combatendo-se a falsa mendicidade e evitando-se custos sociais de sustentação de quem podia trabalhar, se assim o desejasse.
Até há bem pouco tempo, Portugal foi, maioritariamente, um país agrícola, cuja economia era das mais atrasadas da Europa, caracterizado como uma: «Sociedade paternalista e polarizada em termos de classe, com uma poderosa burguesia terratenente, um pequeno, mas crescente grupo de grandes empresários/industriais, uma classe média tradicional fraca, uma massa intensa de camponeses e trabalhadores rurais ignorantes e miseráveis e um número considerável de operários urbanos.» (BARRETO in: CARREIRA, 1996:378).
A população portuguesa aumentou a um ritmo significativo entre 1920 e 1960, devido a fatores de baixa mortalidade, elevada nupcialidade e redução da emigração, esta devida à crise económica iniciada na América em 1929. Verifica-se uma alta oferta de mão-de-obra que o país não consegue absorver com ausência de meios/instrumentos de fixação das populações ao campo, de que resultou um êxodo interno e depois dos anos sessenta (1960 e seguintes) a manutenção da emigração.
Noutro setor de atividade económica, a industrialização portuguesa é lenta, pese embora as medidas das diferentes espécies de proteção aduaneira, do condicionamento industrial e da ação corporativa de controle sindical, não serem suficientes para proporcionar um surto de desenvolvimento assinalável e continuado.
Apesar de tudo a indústria cresceu, mesmo sem a existência de uma classe média rural capaz de funcionar como principal suporte da procura, sustentadora das indústrias de bens intermédios ou de equipamentos.
Finalmente, uma boa parte da população industrial trabalhava nos setores tradicionais da indústria transformadora, sobretudo de bens pouco duradouros e de consumo, não exigentes no volume de capital aplicado e na qualificação da mão-de-obra. Com todas estas deficiências e ainda assim: «Portugal afasta-se da ruralidade e moderniza-se no sector industrial. A sociedade modifica-se, como não poderia deixar de ser.» (Ibid.:380).
O primeiro quarto do século XXI apresenta-se bem diferente da primeira metade do século XX por imensas razões, destacando-se, de facto, o avanço nunca antes conseguido nos domínios da ciência, da técnica e, mais recentemente, das tecnologias da informação e do conhecimento, que conduziram ao que hoje está convencionado sob a designação de “Globalização”.
Bibliografia
CARREIRA, M. (1996). As Políticas Sociais em Portugal. Lisboa: Gradiva.