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In JN - Uma sociedade de valores encarna, necessariamente, a perspetiva dominante da comunidade que a constitui. Quando uma minoria, por puro experimentalismo social, consegue impor os seus valores igualmente pequeninos e muitas vezes exóticos à esmagadora maioria de um país que os repudia, essa sociedade, para além de sequestrada, transforma-se noutra coisa qualquer.
Tem sido assim na Assembleia da República, com o BE apostado em dinamitar pilares básicos de consenso social e o PS, diminuído pelo estado de necessidade de quem quer governar, apesar de derrotado nas urnas, a abrir as portas a qualquer disparate que antes e em condições normais nunca passaria de um nado-morto legislativo.
A proposta apresentada pela extrema-esquerda radical, destinada a autorizar a mudança de nome e de sexo em documentos, decidida por adolescentes de 16 anos, sem necessidade de parecer prévio de médico psiquiatra, podendo instaurar um processo judicial aos próprios pais que se oponham, é uma perfeita selvajaria parlamentar. E mostra a anormalidade da solução política que nos governa os destinos.
Maturidade é, por definição, "experiência ou ponderação própria da idade madura" (Infopédia). Por lei, uma pessoa tem de ter 18 anos para votar, 18 anos para comprar bebidas alcoólicas, 18 anos para jogar num casino, 18 anos para casar, salvo autorização parental, 18 anos para tirar carta de ligeiros (21 e 24 anos em algumas categorias).
as para as luminárias que gravitam à extrema-esquerda, conceder a um mero adolescente de 16 anos, necessariamente imaturo, eventualmente padecendo de perturbações de personalidade, ou patologias mentais, a possibilidade de decidir, sem avaliação psiquiátrica, a alteração das referências essenciais da sua própria identidade é uma coisa normal. E defendem-no para consagração legal, sem se importarem de transformar o Palácio de S. Bento numa caricatura grotesca da vida e do debate parlamentar.
A iniciativa do BE é absurda e irresponsável. Puro terrorismo sociológico. Um ensaio de laboratório apostado em alterar costumes, por imposição de uma ditadura dita de "género", assente em equívocos e preconceitos, mas transformada em agenda política, à custa da vida dos outros.
Para se ter noção disto, não seria necessário um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida que, apesar de tudo, felizmente existe. Bastaria uma réstia de bom senso, que infelizmente vai faltando em algumas paragens.