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Entre a panóplia de medicamentos que os médicos receitam aos doentes, estou convencido de que nenhum irá prescrever o remédio do Amor. Não é um medicamento que faça parte do curriculum dos estudos de medicina, mas estou convencido de que o amor prolonga a vida, dá conforto ao doente e que até cura.
A amizade e o amor sincero fazem parte dos melhores tratamentos contra as doenças graves, tais como o cancro. O simples facto de poder contar com um amigo, com um vizinho, com o próprio cônjuge, em momentos tão difíceis, parece estar provado que a esperança de vida aumenta, valendo quase tanto como uma boa quimioterapia.
O cônjuge presta inúmeros serviços: conduz o doente ao hospital, vela para que ao ser internado nada lhe falte: o pijama, as pantufas, o livro, a música e as revistas preferidas. Vigia a toma diária de medicamentos, assegura a correta alimentação, ajuda-o a levantar-se, dá-lhe notícias do exterior, vai avisando a família do que se passa, alerta a equipa médica em caso de problemas, ajuda o doente a tomar decisões sobre tratamentos futuros e vai contribuindo para o seu bem-estar.
Nada mais que a presença é, de si, um verdadeiro medicamento.
O desânimo, a depressão e a ansiedade surgem facilmente, mas lá está o(a) companheiro(a) para encorajar o prosseguimento do tratamento e encontrar as palavras certas para não perder a coragem, transmitir pensamentos positivos e dar ânimo e esperança no decurso do tratamento da doença.
Vivendo sozinhos, temos necessidade da mão solidária de um (a) amigo (a), quando a doença nos bate à porta, já que a vida não está apenas na mão dos médicos. Sentir que alguém está ao pé de nós nestes momentos, quase que esquecemos da doença. Saber que alguém ouve a nossa dor, está atento, faz o gesto apropriado é, na verdade, consolador.
Um aperto de mão, uma palavra, um sorriso, mesmo uma anedota, são atitudes que podem levar-nos a esquecer que estamos doentes. Há qualquer coisa em nós que nos estimula a querer viver quando alguém olha para nós com carinho e atenção, pronuncia o nosso nome, conversa connosco sem falar necessariamente da doença que nos corrói. Esquecemos que estamos doentes, os dias vão passando mais depressa, enchemo-nos de coragem para o próximo tratamento porque não ousamos privar-nos dessa companhia amiga que gratuitamente nos acompanha à quimioterapia ou à radioterapia.
Perante um amigo (a) que nos acompanha, não ousamos tão facilmente suspirar um ai de desalento ou de dor. Temos de o recompensar com a nossa coragem que certamente lhe dará estímulo para continuar a acompanhar-nos.
Não poderemos esquecer que no mundo em que vivemos há também pessoas, infelizmente cada vez mais, que, por variadíssimas razões, encontram-se verdadeiramente sós, sem ninguém lhes poder dar a mão. Nesse caso, serão as instituições que, em certa medida, substituirão a família e os amigos. Os serviços sociais poderão desempenhar esse papel e até mesmo os médicos que lhes prestam os serviços curativos. Muitos trabalhadores destes ramos, são de uma dedicação exemplar, por vezes indo para lá do normal desempenho profissional.
Mas nada mais que a família e os verdadeiros amigos poderão dar ânimo a quem se debate com um mal que o atormenta e o pode levar deste mundo para o outro.