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É normal que, na campanha eleitoral para eleições legislativas, os partidos do arco da Governação apelem à maioria absoluta. Procuram, assim, convencer o eleitorado de que com maioria absoluta, o Governo poderá fazer as reformas que o País necessita, e o País terá um Governo estável, não dependente dos humores dos outros elementos que venham a compor uma possível coligação governamental.
A teoria é esta, porem, lamentavelmente, a prática, nos últimos tempos tem demonstrado o contrário. O actual governo do Partido Socialista, a quem os Portugueses deram, inesperadamente, maioria absoluta, tem sido o cúmulo da instabilidade. Nove meses de Governo e onze demissões. Deverá ser o recorde cá do Burgo. Casos, mais casos e mais casinhos. Nestes nove meses de governação tem valido tudo, menos governar o país e olhar pelo bem-estar dos Portugueses. O último caso conhecido - que culminou em demissão (no momento em que escrevo este artigo), o caso Alexandra Reis, é uma enxurrada de contradições e um insulto à inteligência dos Portugueses. Não é preciso ser muito estudado para se perceber que aquilo é gato escondido com rabo de fora. Como é possível que alguém decida renunciar ao cargo na TAP (tal facto foi comunicado à CMVM, em comunicado de 4 de Fevereiro de 2022) para abraçar novos desafios profissionais, e receba uma indemnização de 500 mil euros??? E 500 mil euros porque resultou de um acordo entre as partes, uma vez que Alexandra Reis reclamava um milhão e quatrocentos mil euros.
Qualquer pessoa sabe que, quando alguém sai de um emprego, de livre e espontânea vontade, não tem direito a receber, coisa alguma, excepto, nos termos da lei, férias não gozadas, caso tenha direito a elas. Isto parece-me básico. Pelos vistos, Alexandra Reis, tinha direito a receber férias não gozadas. Mas também aqui, não bate a bota com a perdigota. Tendo ela trabalhado cerca de 14 meses, e tendo recebido 107.500 euros relativos “remunerações vencidas reclamadas, correspondentes a férias não gozadas”, contas feitas, fica-se com a ideia de que Alexandra Reis não terá gozado férias durante cerca de 4 anos, quando apenas trabalhou 14 meses!!! Depois do milagre da multiplicação das rosas, temos o milagre da multiplicação das férias. Rebenta o caso e assistimos à pandemia da amnésia. Ninguém sabia de nada. Marcelo não sabia de nada; Costa nem sonhava; Pedro Nuno Santos nunca ouviu falar de tal coisa e, Medina, à semelhança da anedota relativa à engenharia civil, responde como o “ferro”, quando interrogado em tribunal, sobre a queda da ponte: eu nem lá estava.
Claro que ninguém acredita nisso. Estas reacções, são o reflexo de quem foi apanhado na curva, e tenta, deste modo, fugir com o rabo à seringa. Marcelo, até foi mais longe, veio dizer que não via incompatibilidade alguma em Alexandra Reis ir da TAP para secretária de Estado, sendo que o problema não era esse. O problema era e é o dinheiro que recebeu. Disse-me um passarinho que o escritório liderado por Pedro Rebelo de Sousa, irmão de Marcelo, esteve com a TAP na assessoria do acordo de indemnização a Alexandra Reis. Não digam a ninguém. Fica só entre nós!!! (apesar de ser público e ninguém querer falar disso)
Atentemos nas palavras Eça de Queiroz (1888) “É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm imenso talento. (…) E resulta, portanto, este facto supracómico: um país governado com imenso talento, que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis! (…)”.
Sigamos, pois, o seu conselho.