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“Marcelo, se tivesse sentido de Estado, tinha a possibilidade de sair da irrelevância política em que se encontra, convocando eleições antecipadas, clarificando, desse modo, a situação política actual.
Foi com este parágrafo, que terminei o artigo publicado neste jornal, a 20 de Abril de 2023. Um mês após o ter escrito, o parágrafo mantém uma actualidade reforçada.
De então para cá, o país assistiu a mais um episódio do famigerado processo TAP, que ficou conhecido como Galambagate.
Um episódio digno de um livro de John Le Carré, que tem o seguinte enredo: uma reunião secreta entre o Governo, o Partido Socialista e a Ex. CEO da TAP para combinarem perguntas e respostas para Comissão de Inquérito; um adjunto do Ministro exonerado (diria sacrificado neste episódio rocambolesco, uma vez que o adjunto pediu autorização ao Ministro sobre o convite à Ex. CEO TAP, e o Ministro autorizou); a intervenção do Sistema de Informações e Segurança (SIS) e a Policia Judiciária (PJ) no resgate de um Computador, que supostamente terá informação confidencial; um Ministro que se demite, mas que o primeiro Ministro não aceita a demissão(coisa estranha esta), e um Presidente da República que, ao fim de sete anos, ainda não percebeu o que é ser Presidente da República.
Os casos e casinhos multiplicam-se a uma velocidade tal, que parece que estamos perante um governo versão beta, uma versão de teste, nunca finalizada. Perante tudo isto, esperava-se muito mais de um Presidente da República, muito mais a bem de Portugal e dos Portugueses.
O que já irrita é ver e assistir à figurinha do Presidente da República, exibindo aquele ar arrogante de superioridade intelectual, como se os restantes portugueses fossem uns incapazes.
Sempre a mesma cantilena, de que não recorre à dissolução, porque seria” juntarproblemas aos problemas que neste momento os portugueses já têm”, e que “os Portugueses dispensam esses sobressaltos, essas paragens, esses compassos de espera, num tempo como este.”
A arrogância é de tal ordem, que até se julga no direito de dizer aquilo que os Portugueses querem ou não querem. Triste país este em que ao Povo é negado o mais básico dos seus direitos. O direito a escolher, em eleições livres e democráticas, o destino do país.
Só em Portugal é que não pode haver eleições antecipadas. Ou por causa da crise, ou por causa da Covid19, ou por causa dos devaneios de um Presidente da República, ainda virá o dia em que seja por causa do vento que sopra de norte, etc.
Nos restantes países sempre que tem de haver eleições antecipadas, para clarificar a situação política, convocam-se essas eleições e o Povo decide. Aliás, não consta que esses países estejam, economicamente, piores que Portugal, antes pelo contrário.
Numa altura em que o normal funcionamento das instituições deixou de existir há muito, esperava-se de um Presidente da República, digno desse cargo, a coragem de, a bem de todos nós, dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.
Para isso era necessário que Marcelo se deixasse das suas tácitas e interesses políticos, e assumisse as rédeas da situação política, como lhe competia, sem medo que alguns sectores do país fiquem contra ele.
Marcelo, tal como Sampaio, ficará na História, como um dos piores Presidentes de Sempre. Sampaio por ter dissolvido, sem motivo aparente, uma Assembleia em que a maioria parlamentar suportava o Governo, e Marcelo, por não ter dissolvido, não lhe faltando motivos para isso, a actual maioria Parlamentar que suporta este governo.
Como alguém me disse um dia: tudo depende do conceito. E o meu é muito diferente do de Marcelo.
Fernando Vaz das Neves