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A relação entre a Arte e a Ética apresenta, pelo menos, duas correntes, segundo as quais: a Arte tem o direito de ser imoral; a Ética deve ser moral. Entretanto, e numa perspetiva eclética, há os que defendem que a Arte é amoral.
Afirmar a amoralidade da Arte, provavelmente, comporta dois aspetos que são: negar, pura e simplesmente a possibilidade de uma relação ético-estética e afirmar que a imoralidade se dissolve no cadinho da Arte.
No primeiro aspeto: nega-se, implicitamente, a ação formativa da Arte no sentido vivo, amplo, de formação de gerações inteiras, pelo contato direto com as grandes manifestações artísticas; no segundo aspeto, a Arte transformaria tudo em que toca, e então o mais fétido lodo surgiria transformado em oiro.
Tratar o elemento estético à maneira de realidade de coisa, é tratá-lo como matéria de que o artista se serve. O artista, como tal, escolhe o que exprime, exprime o que pensa. Mas o artista pode ser moral ou imoral, mas desta situação nada se conclui para a Arte.
O preceito dado ao artista, numa perspetiva de amoralidade da Arte, destina-se a dar-lhe plena liberdade de ação ou é desnecessário? A amoralidade só pode ser preceito negativo se condicionar o passo do artista, de contrário só o liberta de uma condição prévia, ou seja, de um preceito.
A Arte jamais pode ser vista, exclusivamente, pela perspetiva da eticidade, na medida em que se pode encontrar o belo numa qualquer manifestação de Arte, seja ela moralmente condenável ou não. A Beleza abstrai-se, distingue-se e aprecia-se naquilo que ela nos toca de mais profundo, no nosso juízo de gosto, pois quem não admira um nu do Éden, quem não se maravilha com um óleo da maternidade?
A Arte e a Ética jamais se confundem, ou se condicionam, muito embora se entenda como bela uma boa ação moral, no entanto, tal beleza é de natureza abstrata, inefável e, nesse campo, poderemos relacionar a Arte e a Ética defendendo, então, que toda a atividade humana, logo e também a atividade artística, se deve conformar às leis da moral e deve ser orientada no sentido do fim último do homem, que é Deus.
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