Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
Ao observar o céu negro e róseo pelas nuvens que dançam no horizonte esta noite, do alto do andar onde moro, penso nas muitas tarefas que me aguardam e na ordem de execução das mesmas pois todas me parecem urgentes e não há nada menos urgente…
Penso que observar o céu neste horário (e já passam das 23h) seja tão urgente quanto observá-lo logo cedo, ao amanhecer quando as cores vivas do dia abraçam os vôos dos pássaros que nos visitam todas as manhãs. E ouvi-los, tal como vê-los no horizonte límpido do novo dia é tão urgente quanto o cair da tarde e as cores ao fundo na selva de pedras que se desvela a minha frente do alto da Chácara Inglesa.
Na manhã seguinte, quero ler os trabalhos dos alunos, mas o e-mail da Manuela da Galícia urge ser respondido, tal como dos amigos do outro lado do globo; entretanto, os colegas me aguardam para a reunião em que decidiremos o que já está decidido – e é sempre urgente! Fico entre ler e responder os comentários da Manuela, ouvir o próximo link do youtube sugerido pelo querido Prof.Iyanaga, ler e pontuar os trabalhos dos alunos, seguir na organização dos eventos, ler os livros recém-chegados ou preparar as aulas da semana. Pois absolutamente tudo é urgente. Porém, mais urgente é falar com a mãe ao telefone e ter a certeza de que tudo está bem do outro lado da linha…
Urgente é, ao fim do dia, o marido e eu sairmos para ver como estão os cães abandonados, de quem, sempre que podemos, nos ocupamos! Mas soa mais urgente me inteirar de como se usa a mais nova plataforma para eventos e tentar distribuir as tarefas da pesquisa aos alunos que ficaram no projeto! Mais urgente é fingir ser um cão aos cães que encontramos e latir a eles ou fingir ser um gato verdadeiro e miar feito os que vemos pelas redondezas! E sair a caminhar pelas ruas do bairro, para ver se a ideia que o amigo Michael me pediu ao novo livro vem logo à mente. Mas, ainda mais urgente será falar com a sobrinha e saber como estão todos, mesmo que à distância. A palavra trocada é sempre um alento!
Urgente é trocar os sapatos ao chegar em casa; ao sair de casa, também. Urgente é cantarolar no banho bem desafinada(mente). É sair sem maquiagem e sem loção protetora. É correr colina abaixo sem se planejar e pensar longos minutos no amigo que partiu, em saudade. E, assim, não ter urgências. Deitá-las todas fora. Urgente é trocar as roupas rotas ou trocar as chiques pelas rotas pois, afinal, andamos todos confinados e posso ir a um encontro no zoom de pijamas por baixo e blusa rendada por cima. E andar de pijamas o dia todo. Urgente é pendurar o quadro de que se mais gosta no lugar menos inusitado da casa. E logo. Urgente é achar o melhor retrato com o amado e pendurá-lo no cômodo em que mais se habita. Urgente é gastar os bons sapatos, rasgar os tênis novos de tanto os usar, e pôr toalha chique na mesa com os pratos mais belos e os talheres de prata em plena terça-feira! Urgente é escrever a carta de afeto sem medo e enviá-la sem hesitação. Urgente é sorrir largamente, porque este tempo em que você, leitor, me acompanha, já não retorna e eu espero que estarmos juntos aqui não seja em vão! E possa ser urgente, em não o sendo! Pois, afinal, urgente é ser feliz. (A)pesar de tudo. E a minha palavra quase final a você, leitor, é que urgente é sentir o que se quer e escrever o que se pensa!
E agora, urgente é mandar essa palavra ao Tony, porque veio como pedido do amigo Paulo, cuja escrita e atitude sempre me in-s-piram. Pois urgente será ir ao trabalho na sequência, após uma manhã preguiçosa, contando a noite em estrelas…