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Esta semana um jovem guineense ficou mundialmente conhecido por abdicar da tentativa de superar o seu recorde pessoal, nos mundiais de 5000 metros de atletismo, para amparar e levar até á meta o atleta de Aruba que enfrentava grandes dificuldades físicas e cambaleava debruçado sobre si próprio, esgotado pelo peso do calor e da humidade que se faziam sentir. O mundo inteiro curvou-se de admiração perante o seu gesto. Bem, o mundo inteiro não.
Ninguém passa fome enquanto houver comer em casa do vizinho. Ninguém dorme na rua enquanto houver um palmo de chão na casa ao lado para por mais uma espuma onde descansar os corpos cansados, ninguém anda descalço enquanto houver uns sapatos a mais lá em casa. Mesmo que sobeje um pouco de pé ou de sola. Onde a necessidade é muita, o engenho passa na Guiné-Bissau por relações sociais mais aprofundadas. Por afectos.E foi isso que vimos nas imagens televisivas que deixaram muita gente de lágrima no canto do olho. O jovem atleta, a cumprir um sonho de vida com esta participação nos mundiais de atletismo, a tentar dar o seu melhor apesar das fortes temperaturas que foi encontrar, passa por um rival em dificuldades, pára, ampara-o, carrega-o até à meta apesar de ele próprio se sentir esgotado e nas declarações do final da prova, acha que fez o que qualquer um faria... Quem nos dera que todos pudéssemos ter um pouco do Braima Dabó em nós. O mundo seria bem melhor. A Guiné-Bissau não ganhou um lugar no pódio desta prova mas mostrou ao mundo que tem um jovem herói que merece a maior das medalhas de ouro.