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Ao fim de uns meses, nove para ser preciso, lá me decidi a ir visitar um dos ex-libris da nossa cidade, o reconstruído e renovado Bolhão.
Uma obra bem executada, no interior e no exterior, da qual, ouço dizer, toda a gente gosta.
O piso superior ainda está praticamente vazio, e algumas das lojas exteriores ainda não abriram.
Entrei pela porta lateral da Rua de Sá da Bandeira. Tudo igual ao que era, mas mais fresco, lavado.
Tão bonitinho que ele está, tão lavadinho (quase não vi pombas e as gaivotas devem ter emigrado), tão limpinho, tão bem pintadinho, nada fora do sítio. Tão lindinho, tão perfeitinho, tão moderninho na sua antiguidade, e… tão silencioso, tão asséptico, tão supostamente turístico, tão tristinho, tão “ASAE”, tão sem Alma.
O Bolhão parece ter deixado de ser o nosso Bolhão, o nosso orgulho, a nossa identidade, o nosso Tudo, para passar a ser uma outra coisa qualquer, que facilmente se poderá acabar por encontrar numa outra cidade europeia.
O nosso Bolhão somos nós, são as nossas gentes, as nossas vendedeiras e a sua alegria, e as “clientas” e os clientes de todas as idades e condições sociais, o nosso falar alto, os nossos ditos malandros e jocosos, os nossos impropérios ... mas só vi turistas, ou quase, e vendedores/as com ar cansado e com cara quase fechada, apesar de ainda não serem nove horas da manhã, tentando perceber a estrangeirada. Voltei às dez e meia, e … tudo igual, só que com ainda mais estrangeiros a fotografar, a fotografar, a fotografar. A comprar, também, alguns.
Das nossas gentes, nada ou quase nada.
Um espaço tão bonito mas que não seduz!
Que pena!
Tanto estudo, tanto esforço, tanto trabalho, tanta luta … e o resultado pode bem ser de uma beleza sem profundidade, que deslumbra mas não emociona, que só nos toca superficialmente, e ainda está simplesmente … sem Alma!
José Fernando Magalhães
“- Por decisão do autor, este artigo encontra-se escrito em Português, e não ao abrigo do «novo acordo ortográfico».”