
Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
Como todos sabem, mesmo que nem todos festejem, o Natal é um feriado religioso cristão comemorado anualmente em 25 de dezembro. A data é o centro das festas de fim de ano e da temporada de férias, sendo, no cristianismo, o marco inicial do Ciclo do Natal, que dura doze dias. Embora tradicionalmente seja um dia santificado cristão, o Natal é amplamente comemorado por muitos não cristãos, sendo que alguns de seus costumes populares e temas comemorativos têm origens pagãs e seculares.
Os festejos modernizados deste feriado incluem a troca de presentes e cartões, a Ceia de Natal, músicas natalícias, a festa da Igreja, conhecida como a missa do Galo, uma refeição especial e a exibição de decorações associadas ao tema, como as árvores de Natal e as suas bolas e luzinhas, a luminosidade inerente à época natalícia que enchem casas, janelas e ruas, as guirlandas de natal, presépios, entre outros.
Além disso, o Pai Natal é uma figura mitológica, que em muitos países está associada aos presentes para crianças, tornada popular pela marca de refrigerante Coca-Cola.
Como a troca de prendas e muitos outros aspectos da festa de Natal envolvem um aumento da atividade económica entre cristãos e não cristãos, a festa tornou-se um acontecimento significativo e um período chave de vendas para os lojistas e para as empresas. O impacto económico da comemoração é um fator que tem crescido de forma constante ao longo dos últimos séculos em muitas regiões por todo o mundo.
No entanto, mesmo os que não ligam à parte cristã da festividade, vêm nesta uma forma de estar mais junto da família. Por vezes da família que já não encontram há meses. Quem teve de emigrar, talvez dê um valor especial a esta época, chegando a pagar viagens a preços mais elevados para ficar junto da família nesta época. E há mesmo os que se sentem mais tristes, porque pelos mais variados motivos, terão de passar o Natal e a passagem de ano longe de “casa”.
Como Rosa Quintela, do Entroncamento que lamenta os preços elevados de voos e toda a logística em Portugal que a impedem de estar com a família e amigos: “Não costumo ir nesta altura, as viagens são muito caras, são poucos dias e não justifica o que se paga, além disso trabalho e não tenho sempre férias nesta altura”.
Rosa que está em Vaud, refere que a melhor forma de lidar com este fato é “aprender a desvalorizar estas datas e aproveitar os preços mais reduzidos de outras épocas para poder ir mais vezes a Portugal”.
Filipa da Silva, emigrante há muitos anos na Suíça, vai este ano a Portugal, mas já há muitos anos que não fazia esta viagem no Natal. “Depois de uma vida inteira a viver na Suíça, é dificil acostumar-se ao frio que se sente na maior parte das casas e locais públicos em Portugal”, refere a mesma.
Para esta emigrante uma época “de amor e família” será disfrutada junto com os seus, que com o tempo vão sendo cada vez menos e por isso mesmo “é importante para eles relembrar os velhos tempos, discutir, divertir, aproveitar ao máximo todos os minutos, pois são estes os momentos que nos enchem o coração e nos dão força para aguentar mais uns meses de regresso à Suíça”.
Quanto ao consumismo da época, Filipa e a sua família de emigrantes e ex emigrantes não aderem. “Somos realistas e sabemos que sem trabalho nada se tem. A Suíça não é uma mina de ouro, dá para viver sim, mas ninguém espera demasiado, pois a presença física não tem preço e é isso mesmo que esperam”, admite orgulhosa.
Nos anos que não festejou em Portugal, procurou no entanto aconchegar mais o coração juntando familiares e ou amigos mais próximos, até mesmo colegas de trabalho, “com os quais se podem trocar dicas sobre as próprias tradições, pela variedade de origens e religiões”. “Já foi tempo em que tive de ficar sózinha nesta época e não é nada bom, mas já tudo passou”, relembra com alguma tristeza Filipa.
Clarissa Marante, tal como tantos emigrantes, tenta passar o natal junto da família sempre que pode. Porque para ela e a familia, prenda não são aos bens materiais que contam, o importante "é ver-nos chegar inteiros", refere a emigrante em Genebra.
Sónia Almeida a viver na Suiça há dois anos, vai pela primeira vez a Portugal celebrar estas festividades, pois o ano passado não lhe foi possível: “custou-me muito e não é a mesma coisa, então este ano decidi ir a Portugal”. Apesar da vida financeira atrativa da Suíça, para esta emigrante do distrito de Aveiro, nada paga o poder passar o Natal em família, com os pais, o irmão e o filho. “Digo a todos os portugueses que tenham possibilidades de ir ao nosso querido Portugal, que o façam, pois é uma data para ser celebrada em família e nunca se sabe o dia de amanhã...”, aconselha a portuguesa.
O Natal traz consigo a ideologia de paz, amor, fraternidade, solidariedade e Patrícia Ramos, da Trofa partilha este sentimento de conforto que sente ao estar com a sua família e amigos que deixou em Portugal. Mas nem sempre é possível concretizar esta realidade e, depois de ano e meio emigrada em Friburgo, vai celebrar estes dias pela primeira vez sozinha com o namorado e a filha: “é um sentimento estranho entre estar cá e ter uma vida razoável, mas estar longe dos que amamos”. O consumismo também não é a vertente mais explorada pela Patrícia, já que as trocas de prendas são “para os mais novos, para os mais velhos ficam apenas uns mimos”, e quem se encontra em Portugal não espera prendas, mas presenças, “dizem que a melhor prenda que poderíamos dar era passar o natal junto deles”.
Com a pouca família e amigos que perto têm, resta aos portugueses que não conseguem ou não querem ir nestas épocas ao seu país natal, celebrar o dia da maneira que melhor conseguem. Com maiores ou menores festividades, como se de um dia normal se tratasse, ou com jantares de pompa e circunstância, com troca de presentes embrulhados nas árvores de Natal, ou assistir a um filme em família, o mais certo é o número de vídeo chamadas nestes dias aumentar consideravelmente, pois como refere Patrícia e tantos outros emigrantes, as redes sociais e a comunicação por vídeo é uma mais valia em todas as alturas, mas em especial nesta “para amenizar as saudades, que tantas são”.