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Com as férias de verão à porta, e sendo este o último artigo antes da rentrée de setembro, decidi alterar ligeiramente o teor do meu contributo deste mês, fazendo uma pequena pausa na análise política e social que costuma caracterizar muitos dos textos que tenho vindo a publicar – isto, apesar da atualidade estar repleta de acontecimentos preocupantes que desperta qualquer pessoa atenta e preocupada com o estado do mundo para um conjunto de reflexões.
O verão é uma boa oportunidade para voltarmos a aproveitar e apreciar o autêntico valor do tempo, organizar ideias, meditar e respirar. Como tal, gostaria de partilhar algumas leituras, destacando nove livros que me marcaram pelas mais diversas razões; muitos, como seria de esperar, vertendo direta ou indiretamente sobre temas políticos e filosóficos. A todos desejo um verão inspirador. Boas leituras!
- O Eterno Retorno do Fascismo, do ensaísta e filósofo Rob Riemen. Um pequeno livro de 78 páginas que condensa, provavelmente, uma das melhores reflexões sobre a natureza e aparecimento dos movimentos fascistas e da sua eterna presença nas nossas sociedades. Um brilhante ensaio, sempre atual e de fácil leitura.
- How Democracies Die, de S. Levitsky e D. Ziblatt. Uma análise aprofundada das raízes que inspiraram os regimes iliberais e das causas que os levam ao poder. Escrito na sequência da eleição de Donald Trump como presidente dos EUA este é, na minha opinião, o livro essencial para entender o rumo político seguido em alguns países, alguns deles membros da UE.
- Democracy Hacked, de Martin Moore. No seguimento do anterior, este interessantíssimo livro debruça-se sobre o papel desempenhado pela revolução tecnológica, nomeadamente, as redes socias, na disrupção e descrédito do sistema democrático, tal como o conhecemos. Uma análise clarividente e necessária. Um verdadeiro grito de alerta que nos responsabiliza enquanto cidadãos.
- A Peste, de Albert Camus. Clássico intemporal do escritor francês. Este romance continua mais atual do que nunca. Merece ser lido várias vezes. Uma reflexão filosófica sobre a inumanidade.
- As Intermitências da Morte, de José Saramago. Um livro que me marcou, talvez pelo facto de o ter lido num contexto pessoal bastante difícil. Uma obra que pretende, com o toque fabuloso de Saramago, confrontar-nos com um tema que nem sempre é fácil abordar. Para além das reflexões existenciais, Saramago usa esta obra para tecer duras críticas à sociedade moderna. Talvez, o meu favorito deste nosso Prémio Nobel.
- A morte de Ivan Ilitch, de Lev Tolstói. Continuamos com a temática da morte neste pequeno, mas brilhante, livro de Tolstói. Um exercício quase metafísico que nos leva a ponderar retrospetivamente as nossas ações e atitudes enquanto humanos. Uma obra incontornável.
- A desumanização, de Válter Hugo Mãe. Livro maravilhosamente escrito que nos transporta para um lugar pouco comum para acompanhar a vida, nem sempre fácil, de uma menina que perde a sua irmã gémea. Marcado por passagens belíssimas e poéticas e por outras mais cruéis, o livro resume, na verdade, muitas dos paradoxos e vicissitudes da vida.
- O Principezinho, de Saint-Exupery. Livro poético, doce e carregado de imagens e mensagens nas entrelinhas. Recuso-me a catalogá-lo como livro infantil. Não é. É uma obra universal que se dirige a todos (quiçá, até, mais aos adultos) e tão necessária nos nossos dias.
- Uma Terra Prometida, de Barack Obama. Autobiografia de um dos presidentes americanos mais marcantes dos últimos anos. Uma obra bem escrita, inspiradora e que nos reconcilia, não só com a América, mas também com o “Homem político”.