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Duas primeiras considerações.
Primeiro.
O valor da abstenção é ofensivo.
É inaceitável que os partidos teçam um simples comentário sobre isso, na noite eleitoral, e depois, durante toda a legislatura, não mais se importem.
Metade dos eleitores pura e simplesmente não querem saber.
Entregam a decisão da escolha de quem os vai governar a outros. Por uma de duas razões: ou confiam ou acham que lhes é indiferente.
Eu acredito na segunda hipótese.
Segundo.
O Chega só podia crescer já que são as suas primeiras eleições autárquicas e por isso partia do zero.
O problema é que o Chega não deu apenas um ar da sua graça.
Elegeu vereadores que vão fazer a diferença, através de eventuais coligações, em alguns municípios.
É preciso ver que o Chega concorreu com candidatos cujo único requisito era terem umas pernas e uns braços. A cabeça não era preciso pelo que se viu na campanha. Alguns eram castiços e outros verdadeiras piadas.
Sim, para programas de domingo à tarde mas não para governar terras.
Quando o absurdo foi eleito então é preciso reflectir. O que está em cima da mesa não é uma brincadeira e se a considerarmos como tal, ela pode-se constituir como uma ameaça.
Outras considerações.
O PCP parece estar condenado a desaparecer. O CDS igual (aguentou-se graças a algumas coligações ou apoios pontuais).
Dois partidos que fazem parte da nossa história democrática.
Em campos opostos da batalha é certo mas que a prosseguir neste caminho acabarão, na melhor das hipóteses, à sombra do perigoso Chega.
Na troca de cadeiras entre o PS e o PSD o grande derrotado da noite é Fernando Medina.
Medina a par de Nuno Santos e Marta Temido podem vir a suceder a Costa.
A meu ver, Medina, hoje, ficou fora do jogo.
Lamento que ninguém se lembre do Sérgio Sousa Pinto.
O grande vencedor da noite é Carlos Moedas.
Quem estava à espera da saída de Rui Rio, como Rangel, vai ter que ficar em banho Maria.
Talvez Rio continue e quem sabe Moedas o suceda.
Rio aguenta-se e Costa perde. E, perde porque, apesar de ter a maioria dos votos, hoje levou um cartão amarelo dos portugueses. Lisboa não é uma Câmara qualquer.
É uma incubadora de futuros Primeiros Ministros e Presidentes da República.
Carlos Moedas fintou Costa.
Por fim.
Se repararmos nos nossos dirigentes políticos de há trinta anos atrás e os comparamos com os actuais, percebemos como estámos num plano de decadência. Goste-se ou não deles, parecem-me incomparáveis.
No passado:
Freitas do Amaral, Sá Carneiro, Soares e Cunhal.
Hoje:
Chicão, Rio, Costa e Jerónimo.
Penso que está tudo dito!