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Porque tenho familiares emigrantes e sei que vivem nos países que os acolheram como se estivessem em Portugal, entendo que o seu voto faria mais sentido para a eleição dos governantes desses mesmos países do que para a eleição dos governantes em Portugal.
Alguns vivem há mais de 40 anos no estrangeiro, lá trabalham, pagam os seus impostos, têm os seus filhos a estudar, fazem compras... enfim, fazem tudo onde residem e não têm voto na matéria quando se comportam de forma igual aos nativos desses mesmos países. Como não é assim e como são portugueses, têm o direito, e bem, de votar para as eleições em Portugal. Devemos muito aos emigrantes porque foi graças às remessas por eles enviadas para Portugal, sobretudo nos anos sessenta e setenta do século passado, que Portugal foi deixando para trás a miséria a que estava condenado.
Um país periférico, analfabeto, fechado ao mundo e "orgulhosamente só". Ainda hoje, Portugal depende e muito das reformas desses emigrantes e do dinheiro enviado pelos jovens emigrantes que se viram obrigados a sair de Portugal na crise de 2011 em que Portugal foi intervencionado pela Troika. Muitos continuam a pagar as casas que aqui construíram e a enviar dinheiro para familiares que vivem em condições precárias ou até para os estudos dos filhos que tiveram que deixar aqui.Por isso, o voto dos emigrantes merece toda a consideração e respeito.
Não pode ser tratado de forma trapalhenta e desrespeitosa. Mas foi. E tanto foi que o Tribunal Constitucional anulou os votos dos emigrantes e exigiu nova votação. Um "embaraço" (para não usar um palavrão, ainda que merecido) que devia envergonhar os políticos responsáveis por tudo isto. E eles têm nomes. Agora, os emigrantes vão voltar a votar em circunstâncias diferentes das do dia 30 de Janeiro. Porque já se sabem os resultados eleitorais e o seu voto nem aquece nem arrefece. Já não decide quem vai ser o Primeiro-Ministro mas apenas quem vão ser os dois deputados que faltam eleger.
O jogo mudou e este novo voto dos emigrantes não está em igualdade de circunstâncias com o voto dos outros portugueses que cá vivem e que cá votaram. Mais uma desigualdade até ofensiva.
Dito isto, por causa da incompetência de uma classe que se autoprotege e que não se autorresponsabiliza, o novo governo só pode tomar posse no final de Março Um país que precisa de correr atrás do tempo perdido, que está na cauda da Europa e que cada vez mais vê os seus cidadãos a terem um nível de vida bem inferior aos cidadãos da União Europeia, ainda se dá ao "luxo" de esperar sentado.
Ou melhor, em banho Maria!