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Em 1415 partiram de Lisboa com escala em Lagos, 212 embarcações com destino à conquista da cidade de Ceuta de modo a marcar a expansão portuguesa para o Norte de África e para poder controlar o comércio no Mediterrâneo. A conquista desta praça forte foi rápida e foi hasteada a bandeira de Ceuta que é semelhante à da cidade de Lisboa com o brasão de armas do Reino de Portugal.
Ainda hoje é essa a bandeira desta cidade euro-africana.
600 anos depois, 2 bicicletas rumaram de Lisboa a Lagos e daí a Ceuta, transportando uma mensagem solidária da AMI e as bandeiras das cidades de Lisboa e Lagos para serem entregues ao governo local.
Eu e o meu amigo Carlos Silva pedalamos os 790 km do percurso em 8 dias tendo partido simbolicamente do Padrão dos Descobrimentos e descemos a Costa Vicentina até à magnífica fortaleza de Sagres, símbolo máximo dos nossos navegantes. Daí a Lagos foi um salto e depressa estávamos a percorrer todo o Algarve conhecendo esta magnífica região.
Espanha acolheu-nos muito bem e depois de uma pernoita na grandiosa Sevilha seguimos em direcção a sul e a Algeciras onde atravessamos o estreito de Gibraltar e chegamos a Ceuta. Sensação muito estranha pela presença constante do Brasão de Armas de Portugal, nas bandeiras, nos táxis, nos documentos oficiais, etc. Ceuta pertence à Espanha, mas respira-se português por todo o lado.
Fazer todos estes km foi um privilégio, principalmente depois de ser tão bem recebido pelo Presidente do Governo de Ceuta, com pompa e circunstância, contrastando largamente com a falta de interesse dos responsáveis portugueses, sob o pretexto do politicamente correcto e de não se dever falar de conquistas. Ora a história não se apaga e devemos aprender com ela.
Foi isso que o Presidente de Ceuta nos demonstrou, fazendo uma visita guiada pelo interior das muralhas da cidade, com a explicação da presença portuguesa que tanto os orgulha e agradecendo o nosso gesto.
Ceuta foi português desde 1415 e só deixou de o ser durante a presença filipina em Portugal e em 1640 quando da Restauração da Independência, não quiseram voltar para a soberania portuguesa. Mas não renegam a história, não mudaram a bandeira, não mudaram os nomes das ruas e mantêm a forte ligação a Portugal.
Talvez seja uma ideia para os nossos governantes não se envergonharem com a nossa história e os nossos feitos.
Na história há sempre coisas boas e más, mas devemos sempre conhecê-la e ter orgulho nela. Portugal percorreu o mundo com as suas caravelas, levou a sua cultura tão longe como o Japão, onde o seu “arigato” deriva do nosso “obrigado”, misturou-se com os povos e culturas locais e levou o progresso a tanta gente. E tudo isso começou em 1415 com a conquista de Ceuta.
Por isso me orgulhei tanto de ter pedalado estes 8 dias a 100 km por dia entre Portugal e a sua grande história que tanto nos honra.