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Mas ele não está muito animado.
Depois de doze anos de árduo trabalho, às vezes estimulado pelos pais e família, chegou o dia de saber que entrou numa das mais prestigiadas Universidades portuguesas no ramo das engenharias. Mas nem por isso ele está animado.
Refere que não sabe o que vai encontrar.
Os pais, todas a família e os amigos já lhe deram os parabéns por ter alcançado tão importante meta. Ele não reage.
Ele passou uma parte importante da sua vida fechado em casa como tantos jovens na flor da idade por causa da pandemia. Assim que foi possível, saltou lá para fora para voltar a conviver com os amigos, fazer noitadas, assistir a eventos musicais como o Festival de Vilar de Mouros e tantas outras experiências.
No fim-de-semana, estávamos em viagem em família e ele disse sem qualquer emoção:
- Entrei na Faculdade Engenharia!
Os pais de imediato lhe deram os parabéns.
Ele descobriu porque todos os seus colegas estavam a publicar no Instagram onde haviam entrado e a celebrar esse facto.
Ele simplesmente não reagia.
Entrar para o ensino superior, coincide muitas vezes com a maioridade e com a descoberta de um mundo novo, onde muitos alunos são obrigados adquirir autonomia.
Muitos vêm de outros pontos do país e até do estrangeiro para frequentar esta ou aquela universidade portuguesa. Por exemplo muitos alunos dos Palop’s optam por frequentar um curso superior em Portugal devido à facilidade da língua.
Mas se a ansiedade em esperar pelos resultados para saber onde vão ser colocados os alunos, é o início de uma nova história.
Depois vem a possível mudança de área de estudo: “afinal não gosto nada disto, quero mudar de curso”.
Mesmo assim, entrar no curso que se quer e na faculdade que se quer não significa sucesso garantido, pois os alunos só depois de estar a frequentar o curso é que tomam contacto com a realidade, com os professores, com as matérias leccionadas e com o meio universitário.
De facto, é difícil acertar com o curso para “todo o sempre” e depois, porque a fim de cinco anos de estudo, algumas profissões terão desaparecido, outras terão surgido e tudo estará diferente.
Começa a tornar-se mais evidente que o tempo de conquistar o “canudo” deixou de ser importante.
A aquisição e o desenvolvimento de competências pessoais ao longo da educação são bem mais importantes. A capacidade de comunicação, de relacionamento com as outras pessoas, capacidade para escutar, a gestão do tempo e a empatia são fundamentais para só depois aplicar os conhecimentos técnicos. O pensamento crítico, a capacidade em resolver problemas, o trabalho em equipa e a colaboração, a ética, boa capacidade de leitura e escrita e capacidade de liderança são algumas das características procuradas pelos empregadores.
Num mundo onde o digital lidera, com a escrita abreviada por hieróglifos quase imperceptíveis e por erros de português, é cada vez mais raro encontrar candidatos com boa capacidade de comunicação, porque falha a leitura e a escrita.
Mas este é o mundo novo, parabéns aos 50 mil alunos que entraram no ensino superior na primeira fase e para a sua primeira opção de curso.
A educação é a melhor herança que os pais podem deixar.
12-09-2022
O autor produziu este artigo, da sua responsabilidade, para os leitores do jornal online LUSO.EU