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Cresci num Portugal dos anos 80 numa família de classe media. Com pais que viveram na pobreza da ditadura. A fome e o racionamento fizeram com que me dessem uma educação de aproveitamento. Reutilizar os sacos plásticos, arranjar a roupa e os sapatos, concertar os eletrodomésticos.
Numa sociedade da abundância quase nada se conserta. Não se pensa duas vezes em deitar fora os armários riscados, as sapatilhasusadas, as meias rotas. A loja está logo ali ao virar da esquina ou ao clicar de um botão pra substituir o que não se repara.
A sociedade do conforto é também a sociedade do desperdício.
Vejo nos passeios, pra serem recolhidas, roupa seminova, móveis de madeiras exóticas, loiças não lascadas. São provavelmente asmesmas que me aparecem nos mercados ( “Brocantes”) de rua para os mesmos senhores comprarem como vintage. É a dicotomia das sociedades ricas.