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Um estranho caso de ‘amorzade’



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Ainda não consigo ouvir B Fachada sem me lembrar de ti. Mesmo depois de mais de um ano sem nos falarmos, mal o Spotify prega esta partida, num ápice estou embrenhada nas memórias da nossa casa em Lisboa, a ouvir-te a trautear o “Tempo Para Cantar” ou “Só te Falta Seres Mulher”. 

Parece que ainda ouço a tua voz, no quarto ao lado, a perguntar-me se quero ir ao café ou à Alameda. Íamos tantas e tantas vezes, muitas delas só para estar ao lado um do outro, num banco que arrendávamos ao tédio existencial por umas longas horas. 

O inquilino estranhava o nosso silêncio. Mas, na verdade, nunca precisámos de falar para saber o que nos ia na mente. Ou pelo menos pensava eu.

Outros dias, quando estava calor, abríamos uma cerveja enquanto perdias as tuas aulas de condução e nos entregávamos ao vazio preenchido daquelas tardes. 

Recordo que já nos conhecíamos de vista, há muitos anos, da faculdade, antes de termos sido apresentados formalmente através de um grande amigo em comum.

E já nessa altura sentia que de alguma forma te conhecia. Essa tua errância, o teu deambular pela faculdade, sempre sozinho, e no meio da tua barba longa e desalinhada que quase te esconde o rosto. Sempre senti que te conhecia. Eu sabia que tinhas algo de especial.

Depois de te conhecer foi ‘amorzade’, palavra do António Lobo Antunes, à primeira vista. E o que é que sentimos pelos amigos senão uma mistura de amor e amizade? A fronteira é tão estreita.

Na altura que te conheci estava a viver em Bruxelas e foste visitar o nosso amigo que também lá vivia.

Automaticamente conectamos, apesar de aparentares ser tão fechado e eu, ao contrário, tão faladora. Incrivelmente faladora. Organicamente conversadora, ao ponto de te irritar até ao âmago. Mas, ao mesmo tempo, sei que te ganhava o coração aos poucos, no meio do meu turbilhão de palavras e de sentimentos. Nunca mo disseste e agora nunca me dirás. 

Ainda assim dizias no meio do teu mutismo taciturno, que eu sempre soube ler. Dizias quando me chamavas e a tua voz confessava a vontade e a necessidade da minha companhia. 

Com o tempo percebi que adotei a tua gruta e tu o meu palco.

Pensava que a ferida por te ter perdido sem aviso, de repente, sem explicação, já estivesse curada, ou que pelo menos que já se avistasse o início de uma crosta que adivinhava a cicatrização. 

Mas hoje, de repente, a tua memória assaltou-me e a dor por te ter perdido também. Tocou o maldito B Fachada e tu emergiste de dentro, das vísceras. De um vale tão profundo, que se me deixar ir perco-me na escuridão. Opto por percorrer esse caminho negro como os teus olhos e os teus cabelos, para que a ferida comece a sarar. Nas paredes do Funchal alguém escreveu “deita bepanthene na alma”. É isso que tento fazer com a nossa amizade (ina)acabada.

Depois de um ano sem te falar já não me pergunto o porquê de todas aquelas horas, dias, meses, terem desaparecido. Só tu o saberás. Gostava de ter o teu dom de passar uma borracha no coração. Se calhar poderás emprestar-me um dia.

Como se consegue sobreviver à perda de um amigo? Fazer um luto quando ainda estás vivo. Saber que seguimos com as nossas vidas, sem os nossos desabafos ou caminhadas constantes, sem nunca perceber o porquê de não me voltares a falar, paredes meias com o meu quarto, na mesma casa. Paredes meias com a minha essência.

Levaste um bocado de mim e está tudo bem. Já tenho o bepanthene. Por via das dúvidas, comprei a versão plus. A ferida vai passar, só não posso ouvir B Fachada, e é uma pena porque gosto tanto!

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Cláudia Caires Sousa
Author: Cláudia Caires SousaEmail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
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