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Durante o verão muito se falou da Festa do Avante, instalando-se uma polémica sobre se o PCP fazia bem ou mal em organizar a festa. Debateu-se muito nas televisões, nos cafés, nas redes sociais etc sobre a (ir)responsabilidade do PCP em organizar uma festa no meio de uma pandemia
O Partido Comunista Português tentou mitigar a polémica afirmando que não era uma simples festa, mas sim um evento político, cultural, recreativo, etc... O que acabou por aquecer ainda mais os ânimos. Comentários em desaprovação não tardaram em chegar de todos os sectores da sociedade.
Sendo uma certeza que em tempos como os actuais o princípio da prudência é mais importante do que nunca, a verdade é que muitas pessoas falavam sem desconhecimento de causa. Podemos argumentar que toda a incerteza deveria levar ao cancelamento do mesmo, contudo como saberiamos que essa era a melhor opção ?
Como tal a defesa ou a crítica em relação do Avante era maioritamente feita com base na ideologia política de uma pessoa. Naturalmente que foram poucos os comunistas a criticar o planeamento da Festa do Avante e dos que desprezam o Partido Comunista foram poucos os que compreenderam a decisão deste.
Porque não houve tantos ou mais debates em relação ao festival F no Algarve ?
Porque não houve tantos ou mais debates em relação à celebração do dia 13 de Setembro no Santuário de Fátima onde se juntaram milhares de pessoas ?
Porque não houve tantos ou mais debates em relação ao Concurso de Saltos Internacional em Esposende com muito público sem distanciamento social nas bancadas ?
A verdade é que eventos político, culturais, desportivos, religiosos, etc.. não são diferentes aos olhos dos vírus, mas sim aos olhos das pessoas. E o que devemos salutar é que após os eventos realizados não houve qualquer polêmica.
Se há algo que a nossa sociedade se deve orgulhar é que adquirimos conhecimento ao longo das gerações que tem sido útil e crucial para ultrapassar os desafios que a vida nos coloca. Devemos pois aprender a confiar em que é entendido nas matérias, neste caso de saúde, para que se possa aplicar as directrizes necessárias para realizar, ou não, alguns eventos.
Ultracrepidanismo tem vindo a destruir um pouco a confiança em peritos, na medida em que todos têm a sua opinião sem conhecimento profundo dum assunto e esta facilmente se espalha em redes sociais à velocidade de um clique.
Por exemplo quem criticou ou elogiou a Festa do Avante chegou a ler as 12 páginas do parecer técnico da DGS ?
Se para um evento as autoridades de saúde impõem dezenas de recomendações e estas forem escrupolosamente cumpridas qual a justificação para o cancelar ?
Um mito que é preciso ter em atenção ao que foi dito é o do número de bilhetes, pois sendo certo que a DGS impôs o limite máximo para 16.563 pessoas, podemos perguntar porque deveria o PCP vender no máximo 16.563 entradas ? Uma entrada permamente não obriga uma pessoa a ir todos os dias à Festa do Avante. Pode ir a apenas um dia por escolha, ou por impossibilidade. E pode inclusive comprar o bilhete para apoiar o seu partido sem desejo nenhum em ir à festa, entre outras possibilidades. Portanto enquanto que a DGS limitou a entrada de pessoas não limitou a venda de bilhetes, logo uma polêmica completamente desvirtuada do parecer técnico provenciado.
Outro mito que naturalmente se espalhou foi a questão económica, pois todos nós pensariamos que a Festa do Avante teria que ser feita a todo o custo para garantir uma fonte importante de receita para o PCP. O problema é que os factos demonstram que desde 2014 a festa do Avante deu no total mais de 1,88 milhões de euros em prejuízos. Se na edição anterior tiveram mais de meio milhão de prejuízo quem julga que a festa trará lucro em 2020 ?
Uma reflexão para terminar : A Festa do Avante foi um sucesso ? Quem foi dirá que sim, mas a verdade é que só o tempo o dirá.
Para quem tem curiosidade ler o parecer ténico:
https://www.scribd.com/document/474285784/ParecerTecnico-Festa-Avante-2020#from_embed
Para quem tem curiosidade em ler mais sobre as contas da Festa do Avante:
https://eco.sapo.pt/2020/09/05/festa-do-avante-acumula-prejuizo-de-188-milhoes-desde-2014-vende-pelo-menos-25-mil-bilhetes-em-cada-edicao/