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Tenho visto muitos comentadores e políticos a atribuírem as culpas da não aprovação do Orçamento de Estado a vários partidos.
Sobretudo aos partidos de esquerda.
PCP e BE.
Entendo que, em nome do país, devia ter sido encontrada uma solução que permitisse que o OE fosse aprovado porque verdadeiramente ninguém fica a ganhar com este chumbo.
As eleições antecipadas foram a ameaça do Presidente da República caso este cenário viesse a acontecer e as eleições, a meu ver, vão ditar o seguinte:
Os partidos à esquerda do PS vão ser penalizados nas urnas. O PCP vai ser o que já foi o CDS, o partido do táxi. O BE vai perder muitos deputados e o PSD deve crescer com Rangel. E, com Rangel talvez desça o Chega. A IL ficará como está. O CDS se não se coligar com o PSD desaparecerá.
O PS ganhará as eleições muito fragilizado e Rangel precisava de mais tempo com Costa no governo para o desgastar o suficiente para com isso poder chegar a Primeiro Ministro.
O descrédito nos políticos vai aumentar e a abstenção fará o seu caminho.
Portanto, ninguém ganha com estas eleições antecipadas.
Os portugueses, de uma forma geral, serão os maiores perdedores.
A Alemanha tem já uma inflação de 4%.
A subida dos preços noutros países e a instabilidade política em Portugal podem levar a um aumento dos juros da dívida pública.
Se juntarmos a isto uma nova vaga da Covid-19, então a crise pode atingir uma dimensão insuportável.
Dito isto, António Costa, não percebeu ou não quis perceber que os portugueses votaram, nas últimas eleições, para que houvesse uma segunda "Geringonça" tal como aconteceu na primeira legislatura do PS.
O resultado das últimas eleições foi exactamente isso que quis dizer.
A continuação do mandato anterior.
Costa, de certa forma, não respeitou a vontade do povo e quis governar sozinho com acordos de incidência parlamentar.
Algo que é um hábito seu e que já vem dos tempos de Presidente da Câmara de Lisboa.
No entanto, para além de não respeitar a vontade popular, não teve uma visão própria de um estadista porque não ponderou cenários imprevistos e que muitas vezes acontecem sobretudo a um país que está completamente depende do exterior.
Pensou que ia ter uma pseudo-estabilidade igual à da primeira legislatura.
Costa, o melhor político da sua geração segundo José Miguel Júdice, foi tão imprudente que ainda se deu ao "luxo" de dizer que se tivesse que governar com a ajuda do PSD se demitiria.
Traçou uma linha vermelha à sua direita o que se veio a revelar um tiro no pé.
Costa pensou pequeno e tropeçou numa imprevisibilidade, uma coisa chamada Covid-19 que gerou uma crise semelhante ou pior que a de 2011 em que precisamos da intervenção da Troika.
E, em crise, a divisão política aconteceu.
Não podendo contar com a direita por culpa própria e com a esquerda ferida, António Costa ficou só.
Sozinho, não conseguiu fazer passar o OE.
Mas António Costa ficou sozinho porque escolheu esse caminho.
Portanto, se existe um culpado maior desta crise política que seguramente resultará numa grave crise económica, esse responsável tem um nome.