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A prevenção da doença, as causas de morte e a sustentabilidade do serviço nacional de saúde
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No outro dia, lá em casa, discutia-se se um fumador compulsivo que gasta uma pequena fortuna em cigarros se deve ter direito ao tratamento gratuito no Serviço Nacional de Saúde. Além de degradar a sua própria saúde e apesar dos avisos nos próprios maços de tabaco - «Fumar mata» - vai causar agravamento da despesa nacional em saúde. Em Portugal, quem consumir um maço por dia gastará 1.825 euros num ano, o que equivale a 18% da média anual do rendimento líquido.
Uma outra questão com a qual sou confrontado regularmente é que sempre que tomo uma atitude mais saudável em relação à alimentação, por exemplo, evito fritos, bebo bebidas alcoólicas moderadamente e por vezes bebo simplesmente água, perguntam-me:
- Queres morrer saudável?
Claro que quero morrer saudável e não precisa de ser por causa externa de morte (por ex. acidente). Curiosamente neste relatório as mortes naturais, são consideradas as mortes motivadas por doença.
Depois destas questões fui tentar perceber quais as doenças que matam em Portugal, através da consulta do relatório Estatísticas da Saúde 2021 do Instituto Nacional de Estatística.
A minha questão é saber como se pode canalizar a despesa associada ao tabaco, álcool, drogas e outros para a prevenção da doença.
Para tal tive presente que:
Estado de saúde: perfil de saúde de um indivíduo ou população que é objectivável através de um conjunto organizado de indicadores.
Hospital: estabelecimento de saúde que presta cuidados de saúde curativos e de reabilitação em internamento e ambulatório, podendo colaborar na prevenção da doença, no ensino e na investigação científica.
Anos de vida saudável: número médio de anos que se espera que um indivíduo de determinada idade venha a viver sem limitações de longa duração para realizar actividades consideradas habituais para a generalidade das pessoas, no pressuposto que se mantém inalterado o padrão de mortalidade observado no período de referência.
Doença crónica: doença previsivelmente permanente que necessita de intervenção médica para o seu acompanhamento e controlo.
Causa básica de morte: doença ou lesão que inicia a cadeia de acontecimentos patológicos que conduzem à morte, ou circunstâncias do acidente ou ato de violência que produzem a lesão fatal.
Causa externa de morte: factor externo responsável pelo estado patológico causador do óbito, nomeadamente acidente, lesão auto provocada intencionalmente, agressão ou outro.
Depois de ter presente estes conceitos e de acordo com o relatório Estatísticas da Saúde 2021 em Portugal, considerando apenas os óbitos de residentes em Portugal (123 396), as mortes naturais, ou seja, as motivadas por doença, representaram 95,8% do total (123 396 óbitos), enquanto a proporção de mortes não naturais (acidentes, suicídios, homicídios, catástrofes naturais, etc.) foi de 4,2%.
Causas de morte
As doenças do aparelho circulatório e os tumores malignos continuaram em 2020 a ser as duas principais causas básicas de morte em Portugal, seguidas de doenças do aparelho respiratório e doenças cérebro-vascular.
Em 2020, no país morreu-se principalmente devido a doenças do aparelho circulatório, com 34.593 óbitos. Em 2020, os tumores malignos foram a segunda principal causa básica de morte no país, com 28.393 óbitos.
Despesa corrente em saúde e Produto Interno Bruto (PIB)
De acordo com os resultados da conta satélite da saúde, em 2019 a despesa corrente em saúde atingiu 20.395,2 milhões de euros, correspondendo a 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Gostaria que uma boa parte desta despesa fosse transferida para a medicina preventiva, pois a prazo, haveria uma redução com os custos na saúde.
Despesa corrente pública e privada
A despesa corrente pública representou, em 2019, 63,6% da despesa corrente. Em 2020, a importância relativa da despesa corrente pública aumentou, atingindo os 66,8%. Por aqui se conclui que o Serviço Nacional de Saúde continua a ter um papel importante na saúde dos portugueses, razão também para atrair residentes estrangeiros aposentados, devido à qualidade do SNS, comparado com o seu país de origem.
Mas como se pode fazer a prevenção da doença?
A prevenção da doença baseia-se numa série de medidas que visam evitar o surgimento ou o avanço de doenças. Essas medidas incluem:
- Vacinação: A vacinação é uma das formas mais eficazes de prevenção das doenças. As vacinas são administradas para estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos contra determinados agentes patogénicos, tornando a pessoa imunizada, portanto menos susceptível a contrair a doença.
- Higiene pessoal: Uma boa higiene pessoal, incluindo a lavagem frequente das mãos com água e sabão, antes das refeições e após utilizar a casa de banho, é fundamental para prevenir a transmissão de germes e infecções.
- Alimentação saudável: Uma dieta equilibrada e rica em nutrientes fortalece o sistema imunológico, tornando o organismo mais resistente a doenças. É importante evitar alimentos industrializados, processados e de «pacote» e dar prioridade ao consumo de frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
- Prática de exercícios físicos: A atividade física regular fortalece o sistema imunológico, diminuindo o risco de desenvolvimento de doenças. Além disso, auxilia na manutenção do peso adequado e melhora o funcionamento do organismo em geral.
- Controlo da ansiedade: A ansiedade crónica afecta negativamente o sistema imunológico, deixando o organismo mais susceptível a doenças. Praticar técnicas de relaxamento, como meditação, yoga ou exercícios de respiração, podem ajudar a controlar a ansiedade e fortalecer a saúde.
- Evitar o tabagismo: O cigarro é responsável por diversas doenças, como cancro do pulmão, doenças cardiovasculares e respiratórias, as principais causas de morte atrás citadas. Parar de fumar ou evitar o contacto com a fumaça do cigarro é essencial para prevenir essas enfermidades.
- Protecção solar: A exposição excessiva ao sol pode causar danos à pele e aumentar o risco de cancro da pele. É importante usar protetor solar diariamente, vestir roupas de proteção e evitar a exposição directa ao sol nos horários de maior intensidade.
- Consultas médicas regulares: Realizar consultas de rotina com profissionais de saúde é importante para a prevenção de doenças (medicina preventiva atrás referida). Exames de rotina podem identificar precocemente alterações no organismo, permitindo um diagnóstico e tratamento mais eficaz.
- Uso correcto de medicamentos: Seguir corretamente as prescrições médicas e não fazer automedicação são essenciais para evitar reações adversas e complicações.
- Educação e consciencialização: Informar-se sobre os principais fatores de risco e doenças é fundamental para adoptar um estilo de vida saudável e prevenir problemas de saúde. Estar ciente dos sinais e sintomas das doenças também permite que o indivíduo procure ajuda médica o mais cedo possível.
É importante lembrar que a prevenção da doença é tanto individual quanto coletiva. As medidas de prevenção devem ser adoptadas por todos, visando a protecção da saúde pública e o bem-estar de cada indivíduo, também na saúde mental (https://www.luso.eu/actualidade-noticias/lifestyle/os-avancos-tecnologicos-na-era-digital-beneficios-e-desafios-para-a-saude-mental.html)