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É do domínio público que não aprecio o desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto Presidente da República. Não gosto do estilo que imprimiu à função que exerce. Que fique claro que nada me move contra o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa e confesso que até gostava do ouvir quando era comentador televisivo. Temos é visões diferentes sobre o modo como deve ser exercido o mandato presidencial. Nesse aspecto, acho que o actual Presidente da República “trasvestiu” o exercício do mandato presidencial. Quem conhece Marcelo, sabe que ele adora e necessita ser o centro das atenções.
Todavia, como já escrevi anteriormente, desde as últimas eleições Legislativas, que deram a maioria absoluta ao Partido Socialista, Marcelo tornou-se, para mal da sua vaidade, irrelevante politicamente. Marcelo deixou de ser ele a controlar a política, deixou de ser o distribuidor de jogo, deixou, por via disso, de dar uso ao cérebro, com tanta frequência, como anteriormente e admitamos que a idade também já não ajuda. Ora, como é necessário exercitar o cérebro para manter a saúde mental, e como ele não tem sido tão exercitado, só isso pode explicar as declarações suicidas de Marcelo relativas aos casos de pedofilia na Igreja Portuguesa.
Disse Marcelo: “Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado”. É particularmente elevado a existência de um simples caso, senhor Presidente da República. Mas se errar é humano, insistir no erro é burrice e, infelizmente Marcelo, nas suas explicações continuou a insistir no erro. Mas como se não bastasse este disparate, ainda nos presenteou com outro, ao revelar que tinha ligado a D. José Ornelas avisando-o de que tinha enviado uma queixa contra ele à Procuradoria-Geral da República.
Perante estas barbaridades, a crítica foi praticamente nula. Até o douto primeiro Ministro veio em socorro dele. Também era o que mais faltava, depois de quatro anos a sustentar Costa, que este não viesse, agora, defender Marcelo. Para percebermos um pouco melhor o que escrevo, imaginem que estas declarações tinham sido feitas por Aníbal Cavaco Silva, no exercício do seu mandato presidencial!!! Já teria caído o “Carmo e a trindade”, já se teria apelado a um golpe de Estado, já estariam fragatas e submarinos de prevenção.
Mas com Marcelo Não. A Marcelo tudo é permitido. A Marcelo, o distribuidor de jogo, a infindável fonte, tudo e todos devem favores. Marcelo é um dos protegidos do sistema. E o sistema não gosta de exigência, de rigor, de disciplina. O sistema, gosta de defender publicamente a importância do elevador social, mas, na prática, não suporta nem tolera que alguém que veio de fora da capital, alguém que subiu na vida a pulso, alguém que não frequentou os salões chiques da capital, chegue aos mais altos cargos do poder e imponha ao País, o rigor e a exigência, da sua criação.
O problema é que Cavaco FOI e É. Marcelo não passa, nem passará de um jogo de sombras, alguém que que desde sempre viveu de convenções sociais, de um produto do sistema, do qual se tornou refém, de alguém que sempre fingiu ser, alguém que nunca foi real…. Marcelo não passa, como bem disse um dia Manuel Maria Carrilho de “Gelatina Politica”.
Fernando Vaz das Neves