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No dia 28 de Novembro de 2020 publiquei, neste jornal, um artigo intitulado “Desinteriorizem Portugal”. O artigo em questão era uma crítica a Rui Rio pela sua proposta de querer transferir a sede do Tribunal Constitucional e Supremo Tribunal Administrativo para Coimbra.
Infelizmente tenho de voltar ao tema da interioridade. Digo, infelizmente, porque achava eu que a classe política tinha ao longo destes tempos de governo aprendido como governar bem o país. E digo isto porque cada vez que os vemos falar, não se cansam de falar de interioridade, de descentralização, de territórios de baixa densidade, de programas para desenvolver o interior, etc. Falar falam eles, e até demais, mas fazerem, fazem ZERO. Como diz o sábio povo “olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço”.
No seguimento da pandemia que tem asfixiado economicamente o país, o Governo decidiu criar um plano para recuperar economicamente o país, a que chamou Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Eu chamar-lhe-ia Plano contra o Distrito de Bragança (PCDB). É que olha-se para o dito PRR e Bragança desapareceu por completo. Uma vez mais se prova que para o Governo a palavra dada não é Palavra Honrada. Se não vejamos: no dia 10 de Novembro de 2020 realizou-se, na cidade da Guarda, a 31ª cimeira luso-espanhola.
Decidiu-se nessa cimeira completar a rede de ligações rodoviárias entre os dois países, destacando-se duas obras. A construção da ligação do IP2 entre Bragança e Puebla de Sanabria e a ligação do IC5 Miranda do Douro a Zamora.
Ora, lendo-se o PRR constata-se que a dita cimeira não passou de uma manobra de marketing político, uma vez que estas duas promessas evaporaram-se na estratosfera. Talvez sejam efeitos colaterais da Covi19.
Mas há mais. O douto Ministro das infraestruturas comprometeu-se a ligar todas as capitais de distrito por ferrovia. Relativamente a Bragança foram-lhe dadas três alternativas possíveis. Qual não é o espanto quando sai o plano da ferrovia e se constata que Bragança foi excluída desse projecto nacional, continuando a ser o único distrito de Portugal com ZERO kms de linha férrea. Aqui o problema pode ser mais grave. O douto Ministro pode nem imaginar que Bragança seja capital de distrito.
O problema é que esta gente pensa da seguinte maneira. Entre fazer uma obra estruturante numa região de baixa densidade populacional (entenda-se, pouco votos) e uma obra não estruturante numa região de alta densidade populacional (entenda-se, muitos votos) optam pela obra, mesmo que não tenha relevância alguma, na de alta densidade populacional.
O raciocínio de quem nos governa é e foi quase sempre este. Para eles, Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Diz-se por aí que em Bragança está o Gabinete da Secretária de Estado da Valorização do Interior. Que seria de nós se esse gabinete não estivesse em Bragança…
Também não se lhes pode pedir muito mais… eles não sabem. A última vez que devem ter lido um livro, com o mínimo de interesse, deve ter sido na faculdade, e mesmo aí tenho dúvidas, pois acho que fizeram o curso a estudar por apontamentos emprestados.
O seu momento de maior intimidade com a ciência deve ser quando leem a Bola, a Maria e talvez alguns já consigam ler a Hola.
É altura dos autarcas do Distrito porem de lado os partidos e, juntamente com a sociedade civil, unirem-se na defesa intransigente da nossa gente, do nosso território, pois que se saiba ainda não deixamos de pertencer a Portugal e temos os mesmo direitos que os restantes Portugueses.
Fernando Vaz das Neves
(Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia)