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A vila de Ponte de Lima celebra amanhã 15 de Junho, a tradicional Corrida da Vaca das Cordas, um espectáculo de arruada, divertimento, empurrões, algazarra, euforia…
De acordo com notícias antigas, esse testemunho imaterial limiano, também é praticado na Ilha Terceira, Açores, mas, porém, só nesta capital da Ribeira Lima ele é mais vivido, participado, envolvendo multidões nos últimos anos!
O tema já nos ocupou longos tempos de pesquisa em arquivos e bibliotecas públicas, desvendando muita mitologia, justificando que o que hoje celebramos nada tem a ver com a Vaca das Cordas muiticentenária!
Dois títulos, num total duma centena de páginas – Achegas para a Verdadeira História da Vaca das Cordas e Corpo de Deus – lançado em 2010, e a - Vaca das Cordas (Ponte de Lima) e Festa do Boi (Allariz) e suas prováveis origens judaicas – surgido dois anos depois, com segunda edição em 2017, são as recordações arquivadas em livro de nossas andanças por alfarrábios e quejanda papelada antiga… A pedido de vários amigos, leitores, como memória desses escritos, respiguemos conclusões como seguem:
Assim, da participação de cornúpetos para uma tourada á corda na véspera de Corpo de Deus, o arquivo municipal remete-nos na mais recuada documentação ao ano de 1604. Trata-se duma referência em vereação reunida a 11 de Julho do supracitado ano para cumprir a Vaca das Cordas. Só, tempos depois, no ano de 1646, as Posturas Municipais, decerto com a usança já regularizada, são impostas obrigações aos moleiros do concelho para pegarem as cordas, sancionando os faltosos a tal chamada.
Da colecção de pergaminhos (1326 – 1654) e cartas régias enviadas ou trocadas entre o município, nada consta sobre a vaca das Cordas.
No século XIX, na sequência de movimentações políticas, o espectáculo popular foi considerado inapropriado para “tempos modernos”, e reaparece com uma ou outra edição que mereceu referência na imprensa ou monografias regionais, designadamente nos anos de 1886 e 1907.
Hoje, a Corrida da Vaca das Cordas é uma reintrodução desse costume, iniciado que foi em 1935, com anos de interrupção, até surgir regularidade já nas décadas de 60 e setenta…
Um touro geralmente proveniente da lezíria do Tejo, começou então a ser transportado até Ponte de Lima e recolhido de véspera numa loja da Casa Dos Da Garrida, então propriedade do poeta e proprietário António Vieira Lisboa, e depois da sua morte em 1970, na vizinha Casa da Aurora, e mais recentemente na Expolima.
E, o cofre municipal é o garante da festa, com a maior fatia do orçamento, como acontece este ano, pecuniariamente para o animal e o grupo musical. Mas, ainda falta verba que a comissão tem de arrecadar para impressão do cartaz, iluminação (este ano da Rua do Arrabalde) e despesas de logística.