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A tendência para o abismo e para a abstenção. A atracção dos jovens eleitores pelo partido Chega tem sido acompanhada pelo aumento da abstenção nas eleições. Existe uma relação entre a idade dos eleitores e a inclinação para votar na extrema-direita
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19 de janeiro de 2024, por João Pires
Partidos que trazem inovação
Conforme publicação no Diário de Notícias e de acordo com o especialista político Pedro Magalhães, existe uma relação entre a idade dos eleitores e a inclinação para votar na extrema-direita. Luís Paixão Martins, consultor de comunicação, destaca que os jovens sentem uma atracção pelo abismo e tendem a ligar-se a partidos que trazem inovação. Por outro lado, a probabilidade de votar no partido Chega diminui com a idade. Essa tendência pode ser explicada pelo fato de que os jovens, especialmente aqueles com menos de 28 anos, não têm afinidade com os partidos existentes e exprimem insatisfação com o actual estado da política devido à situação económica desfavorável em que se encontram. No entanto, é importante ressaltar que a relação entre idade e voto na extrema-direita não é uma tendência universal e pode variar em diferentes sistemas políticos. Além disso, outros factores, como o nível de instrução e o sexo, também podem influenciar as escolhas eleitorais dos jovens.
O número de jovens eleitores a abster-se tem aumentado, enquanto o partido Chega continua a ganhar popularidade.
Existe uma relação entre a idade dos eleitores e a inclinação para votar na extrema-direita.
A grande tendência dos jovens é a abstenção
Luís Paixão Martins, consultor de comunicação, afirma que "a grande tendência dos jovens é a abstenção". Aqueles que estão interessados na política acabam por se ligar a partidos que são considerados causas e trazem inovação, como aconteceu há 20 anos com o Bloco de Esquerda e actualmente com o Chega. Segundo Paixão Martins, os eleitores mais jovens têm uma "atracção pelo abismo".
Pedro Magalhães, cientista político no ISCTE, revelou dados que mostram que "a probabilidade de tencionar votar no Chega diminui com a idade". No entanto, ele enfatiza que essa tendência também depende de outros factores socioeconómicos, tais como rendimento, nível de instrução e sexo. O estudo sugere ainda que a tendência para votar no Chega diminui consideravelmente à medida que a idade avança.
Os jovens com menos de 28 anos optam pelo Chega porque não desenvolveram ideologias e afinidades com os partidos existentes. Além disso, eles vivem em situações económicas desfavoráveis e incertas, caracterizadas por uma forte competição pela entrada no mercado de trabalho. Isso leva-os a exprimir o seu descontentamento e insatisfação com o estado actual das coisas.
Os partidos mais moderados têm menos intenções de voto fora do período eleitoral, pois não são considerados causas, ao contrário dos partidos mais radicais. Ele destaca que a Iniciativa Liberal é uma exceção, pela negativa, a essa tendência.
O nível de instrução também é um fator importante quando se trata das intenções de voto. A Iniciativa Liberal, a Aliança Democrática, o Bloco de Esquerda e o Livre têm maior probabilidade de atrair eleitores com níveis mais elevados de instrução. Por outro lado, ter ensino superior está relacionado negativamente com a intenção de votar no Chega.
Quanto à participação política dos jovens, eles têm menos interesse na política e as suas taxas de participação são baixas, incluindo a militância partidária e a participação em manifestações. A dimensão religiosa já não é relevante para analisar o comportamento político nas sociedades modernas contemporâneas.
A opção pelo Chega é mais frequente entre homens
Em relação às tendências de voto, o sexo também pode ser um fator influente. A opção pelo Chega é mais frequente entre homens do que mulheres, enquanto a opção "Não sei" é mais frequentemente escolhida por mulheres.
O Chega está em desacordo com o processo de modernização das sociedades, e as mulheres são as primeiras a perceber isso. Ele acredita que o partido é penalizado no eleitorado feminino por não incorporar a igualdade de género nos seus discurso e propostas.
Esta tendência de oscilação entre a atracção pelo abismo e a abstenção(https://www.luso.eu/actualidade/politica/eleicoes-parlamento-recomenda-ao-governo-campanhas-de-sensibilizacao-e-esclarecimento-junto-dos-emigrantes.html) é motivada pela falta de afinidade com os partidos existentes e pelas condições socioeconómicas desfavoráveis enfrentadas pelos jovens.