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Depois do lançamento do livro “Políticas Locais de Habitação” no Palácio da Bolsa, no Porto, onde foi discutida a necessidade do equilíbrio entre o poder local e o governo para a gestão da habitação social, onde foi também abordado que o livro contém variados testemunhos do poder local e da necessidade de uma política de habitação coerente com a realidade social de cada autarquia, onde marcaram a presença inúmeros autarcas sobretudo do norte do país, chegou o momento do encerramento da cerimónia e breve troca de palavras com os presentes.
Durante aqueles momentos finais foi dado a provar os vinhos espumantes portugueses da região do Távora-Varosa, uma pequena região situada num vale, a alta altitude, a Nordeste da Região do Dão, fazendo fronteira com a Região do Douro.
Em conversa com a apresentadora dos vinhos foi referido que estes se incluem na Rota das Vinhas de Cister, que se funde com a Região Demarcada Távora-Varosa, a primeira região portuguesa demarcada para os vinhos espumantes, desde 1989.
Os dois rios, Távora e Varosa dão o nome à região e a estes fantásticos espumantes.
Caracterizadas pelo seu terroir único, as castas predominantes são as brancas, entre elas, a Malvasia Fina, Cerceal, Gouveio e Chardonnay, e nas tintas, a Touriga Francesa, Tinta Barroca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Pinot Noir.
O espumante não serve apenas para celebrar a entrada no ano novo. Por exemplo, o bacalhau também gosta deste espumante. Estes vinhos espumantes são um diamante em bruto que ainda estão por descobrir e que proporcionam borbulhas ao mais alto sabor.
Já em casa e porque a minha curiosidade foi despertada, fui consultar alguma informação da região e deparei com o sítio dos vinhos e espumantes do Távora-Varosa.
A partir dali fiz a minha viagem imaginária.
Por toda a região do Távora-Varosa é possível degustar espumantes, provar a comida de pote, dormir num antigo moinho e almoçar numa antiga capela, situada na Aldeia Histórica de Freixinho, alcançável a partir dos Passadiços do Távora.
Esta região alberga os concelhos de Moimenta da Beira, Sernancelhe, Tarouca e ainda algumas freguesias dos concelhos de Penedono, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar e Lamego.
Sobre o rio Távora, estes fotogénicos passadiços podem ser percorridos a pé ou de bicicleta e por lá me deixei surpreender pelos barulhos e paisagens que o trajeto proporcionou em apenas 1500 metros, imaginei eu.
As características climáticas, as suas vinhas plantadas em solos graníticos, solos de transição, reúnem boas condições para a criação de vinhos geralmente frescos, e com teores de acidez ideais para a produção de vinhos espumantes.
Por entre as vinhas é possível traçar um caminho dos mosteiros. O percurso começa na histórica cidade de Lamego, de aprazível vista sobre o Douro, cuja fundação se atribui aos Celtas e se orgulha de ter recebido as cortes, que em 1143, reconheceram D. Afonso Henriques como primeiro Rei de Portugal.
Nesta cidade, recomendo a visita à Sé Catedral, ao Museu e subir os 686 degraus da escadaria do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, é na minha opinião como encarar algumas dificuldades do purgatório.
O percurso começa na histórica cidade de Lamego, cuja fundação se atribui aos Celtas e se orgulha de ter recebido as cortes, que em 1143, reconheceram D. Afonso Henriques como primeiro Rei de Portugal.
Já na saída, virei em direcção ao Bairro da Ponte, a partir de onde se pode chegar a Balsemão. Aí fica a sugestão para visitar a capela visigótica de São Pedro de Balsemão, com vestígios de construção do séc. VII.
De Lamego, parti pela A24 em direcção a Armamar, onde merece visita a Igreja Matriz Românica, com torre quadrangular e a vista da Mizarela. No Inverno pode ver-se a queda de água de Temilobos, situada a 3 km da vila, que é verdadeiramente espectacular. Se houver apetite e estiver na hora, vale a pena provar o cabritinho de Armamar.
Segui por Travanca e Cimbres para o Mosteiro de Sta Maria de Salzedas da Ordem de Cister, situado entre as vinhas, cuja actual traça data do séc. XVIII. Repare-se nas pequenas varandas de madeira das casas que circundam o Mosteiro.
Seguindo em frente, na Ucanha, fui visitar as famosas Caves da Murganheira, produtor de vinhos e espumantes DOC, da Região Demarcada Távora-Varosa, onde as garrafas repousam em caves escavadas no granito azul.
Naquela aldeia sobre o rio Varosa, temos a Ponte fortificada de Ucanha (monumento nacional), a torre de cobrança de portagens do couto de Salzedas. Única em Portugal, esta ponte fortificada testemunha a organização senhorial medieva.
Segui depois para S. João de Tarouca, onde fui encontrar o primeiro Mosteiro da Ordem de Cister (monumento nacional) construído em Portugal. Arquitectura cisterciense da escola de Borgonha. No interior, entre outras preciosidades, pude admirar um dos melhores exemplares da história da pintura portuguesa na representação de S. Pedro.
De regresso a Lamego, em Britiande, à beira da estrada, encontra-se a Quinta de Sta Cruz, produtor-engarrafador dos Vinhos Tintos DOC Quinta dos Urgais da Região Demarcada Távora–Varosa.
Entre Vinhas e Castanheiros
O início do percurso é em Moimenta da Beira, localidade de longa tradição, onde se pode visitar o Convento de Nossa Senhora da Purificação, também conhecido como Convento das Freiras, e o Solar das Guedes, onde hoje está instalada a Biblioteca Municipal.
De Moimenta da Beira vale a pena fazer um desvio até à Fonte Arcada, para ver o centro histórico. A Igreja românica, séc. XII, a Fonte com arco ogival, que deu nome à localidade e a Casa da Loba, séc. XIII.
Seguindo para Tabuaço pude apreciar o pórtico da Igreja de S. Pedro das Águias (monumento nacional), fundada no séc. XII, que fica numa encosta ravinosa na vertente do rio Távora, voltada para uma escarpa.
Segui para Sul até encontrar a Serra da Lapa, onde podemos subir a um dos mais antigos santuários portugueses. A Capela da Senhora da Lapa foi construída mais tarde, já no séc. XVII pêlos jesuítas. Deslocando-nos um pouco mais para nascente encontramos o Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção de Tabosa (Monjas da Ordem de Cister).
Sernancelhe foi a próxima paragem do percurso. Os frondosos castanheiros que se vêem da estrada deixam adivinhar a importância da castanha nesta zona. Em Sernancelhe, visitei a Igreja Matriz (de interesse público), que apresenta um extraordinário conjunto de esculturas românicas, e no centro histórico encontra-se o pelourinho do séc. XVI e o Solar Barroco dos Carvalhos. Destaque para as esculturas em granito espalhadas pelas ruas e jardins da vila.
O percurso termina com a magnífica vista que se desfruta do alto do Castelo de Penedono (monumento nacional), a 930 metros de altitude.
Agora quero passar à prática e quero conhecer de verdade aquela bela região do Távora-Varosa.