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Com o aparecimento dos primeiros casos da Covid-19 na província de Wuhan, meses depois, quando a doença já tinha transposto as fronteiras chinesas passando de uma epidemia para uma pandemia, o mundo mudou.
Com a pandemia foi-nos pedido para usarmos máscara e para ficarmos sempre que possível em casa.
Aos nossos pais obrigaram-nos a ir contrariados para uma guerra que consideravam injusta nas nossas colónias. Muitos fugiram para o estrangeiro e viram-se obrigados a viver em condições paupérrimas e longe dos seus familiares.
É certo que esta situação precipitou o 25 de Abril.
Mas, a nós só nos pediram para usar máscaras e alapar o rabiosque no sofá.
Churchill na segunda guerra mundial ordenou aos ingleses para que à noite não acendessem as luzes das suas casas por causa dos bombardeamentos aéreos dos alemães.
Imaginem agora se algum inglês achasse que a sua liberdade individual estava a ser sonegada e acendesse as luzes de casa. Provavelmente milhares de pessoas teriam morrido e cidades teriam ficado destruídas.
Isto para dizer, que a liberdade de um acaba quando começa a liberdade do outro.
Por isso, usar máscara ou ficar em casa quando nos foi ou é pedido é um acto de cidadania.
Pois, se não o fizermos, não estámos a pôr em causa apenas a liberdade dos outros mas a sua vida.
Para quem acha que as medidas tomadas para evitar a propagação da Covid-19 foram uma privação da liberdade convinha fazerem uma reflexão sobre o conceito de liberdade.
Com o aparecimento das primeiras vacinas para a Covid-19 pareceu-me natural que as pessoas tivessem receio de tomar uma vacina que ao contrário de todas as outras foi feita em tempo recorde.
É claro que este feito só foi atingido porque houve o empenho da comunidade internacional com apoios financeiros avultados e uma colaboração entre cientistas de vários países nunca antes vista.
Um problema mundial implicava uma solução igualmente mundial.
Perante várias situações de dúvida, que foram surgindo, em relação aos efeitos secundários das vacinas, as pessoas ficaram com medo. O que foi natural.
Acontece que os governos de vários países e Portugal não foi excepção, tanto suspendiam a vacinação como no dia seguinte estavam a encorajar os cidadãos a se vacinarem alegando que o medo era injustificável.
Esta oscilação ainda gerou mais desconfiança.
Acho que os governos e até a comunidade científica cederam às opiniões das televisões e das redes sociais.
Não acredito em teorias da conspiração.
Só acho que vivemos numa nova ditadura.
A "ditadura das audiências".
A relação benefício/prejuízo pende claramente a favor da vacinação.
Basta pensarmos que quem não é vacinado tem 0% de imunidade e quem toma a vacina tem 90% de imunidade à Covid.
Não me parece difícil de decidir.
Também existem aqueles que são contra todas as vacinas. Geralmente pessoas de classes altas que tiveram a sorte de nascer em países desenvolvidos e que se podem dar ao "luxo" de recusarem seguir qualquer plano de vacinação. Coisa que muitas crianças de países subdesenvolvidos desejavam ter. Pois, morrem de doenças cuja cura já existe à muito mas que a comunidade internacional faz vista grossa.
É claro que não existe risco zero na toma de qualquer medicamento.
Geralmente os medicamentos que não têm efeitos secundários nem fazem bem nem mal. São placebos.
Todos os medicamentos têm riscos associados.
Dou o exemplo da pílula.
Milhões de mulheres no mundo a tomam e algumas dezenas morrem com tromboses ou embolias pulmonares.
Se lermos a bula de muitos medicamentos que fazem parte do nosso dia a dia, tem escrito nos efeitos secundários "morte".
Alguns deles até são vendidos sem receita médica.
O bom senso devia ter imperado e a determinação dos governantes não podia nem pode andar ao sabor do vento.
Neste caso dos likes ou dos comentadores televisivos.
Faltou mão firme e coragem política num momento único da nossa história em que a determinação, baseada no conhecimento científico, era o único caminho a seguir.
Demasiados políticos já estadistas contaram-se pelos dedos.
Estes ziguezagues alimentaram os negacionistas. Pessoas que em pleno século XXI, negam o holocausto nazi, a ida do homem à lua ou que a Terra é redonda.
No entanto, negar ser vacinado para a Covid pode ser, em si mesmo, um abuso da liberdade individual.
Quando os nossos actos põe em causa a saúde dos outros, podemos no limite estar a cometer um crime.
Infectar terceiros de forma consciente é tudo menos um acto de cidadania.
Quando se trata de saúde pública, só com a colaboração de todos é que se atingem os objectivos. Não é por acaso que a toma de algumas vacinas é exigida para se concorrer a certos empregos, escolas ou para entrar em certos países.
Seguindo este raciocínio, a vacina para a covid pode até passar a ser obrigatória.
Num cenário hipotético em que metade dos cidadãos europeus não se quisessem vacinar, de nada valia vacinar a outra metade. Não é por acaso que se chama saúde pública. Sublinho "pública".
A imunidade de grupo só se atinge com 70% da população vacinada. Só assim a vacinação será eficaz e o combate ao vírus seja uma batalha ganha.
Este raciocínio tem que se aplicar a todos os países. Trata-se de uma pandemia e portanto de um problema global. Ninguém pode ficar de fora.
Isto se queremos as fronteiras abertas.
Deixar os paises subdesenvolvidos à parte pode permitir que outras estirpes da Covid apareçam, com mais transmissibilidade e maior mortalidade.
Isto já está a acontecer e todo o esforço para combater a doença pode ter sido em vão.
Pelas razões referidas, os egoísmos nacionalistas são uma imbecilidade.
Novas estirpes do vírus já circulam por aí e provavelmente vamos ter que ser vacinados todos os anos tal como aconcontece com a gripe sazonal.
Pensar no mundo como um todo é o único
caminho a seguir.
Vacinar a população mundial o mais rápido possível é o desafio porque ninguém, ninguém mesmo, está de fora deste combate.
Grandes, pequenos, ricos ou pobres!