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Falta menos de um ano para as eleições autárquicas. As eleições autárquicas são eleições diferentes, são eleições de proximidade em que, muitas vezes, conta mais o candidato que o partido pelo qual concorre.
Sempre defendi que os candidatos se devem apresentar o mais cedo possível, expondo as suas ideias e o seu projecto para o respectivo Concelho.
Claro que há quem defenda o contrário, que os candidatos se devem apresentar o mais tarde possível, pois deste modo os adversários têm menos tempo para os criticar.
Ora, na minha humilde opinião, quem tem medo da crítica e do confronto democrático de ideias e projectos tem bom remédio, não se candidata.
Neste processo de escolha de candidatos autárquicos, ninguém melhor do que as estruturas locais dos partidos para escolherem aqueles que consideram os melhores para os respectivos concelhos.
São elas que estão no terreno no dia a dia, que conhecem a realidade do Concelho, as suas dificuldades, etc, e são elas que sabem qual a melhor estratégia a seguir, para se ganhar ou reconquistar a Câmara Municipal.
Certamente foi com este pensamento que algumas concelhias (Coimbra, Mangualde e Vila do Conde) decidiram, e bem, apresentar os seus candidatos autárquicos, estando estes já no terreno a trabalhar em prol das suas gentes.
E é nesse sentido que interpreto as declarações do presidente da concelhia do PSD Coimbra, Carlos Lopes, “Não podemos perder mais tempo e voltar a fazer os mesmos erros do passado".
Até aqui estava tudo a correr tão bem… até vir o Presidente do PSD a terreiro e estragar tudo, quando afirmou: "Há umas concelhias que andam a aprovar nomes e a colocar outdoors. Se querem ser candidatos, é porque não me conhecem; se não querem, estão a fazer tudo bem."
Dos três candidatos já anunciados, conheço apenas um deles. O Nuno Freitas, candidato a Coimbra.
Ter o privilégio de ter um activo como o Nuno Freitas e, ainda por cima, disponível para ser candidato a Coimbra, deveria ser motivo de orgulho para o Presidente do PSD e não motivo de censura.
O Nuno Freitas é o melhor de nós. O melhor da sua Geração. Um dos melhores Deputados que o PSD teve, foi um brilhante Vereador da Câmara Municipal de Coimbra e um excelente Presidente do antigo Instituto da Droga e da Toxicodependência.
Para o Nuno Freitas, Coimbra tem mais encanto não, como diz a música, na hora da despedida, mas sim no dia a dia.
Mas, talvez o Nuno Freitas tenha três defeitos: é inteligente, pensa pela sua cabeça e diz, sem medos, o que pensa. É um espírito livre. Talvez isto incomode muitas almas. As mesmas que, certamente, preferem que Coimbra se mantenha como está…
Mas as infelizes declarações de Rui Rio nem nos Estatutos Nacionais do PSD encontram suporte, ou seja, se Rui Rio tivesse dado uma vista de olhos aos Estatutos teria visto que nos termos da alínea f) do Artigo 56º compete à Comissão Política de Secção “Propor à Comissão Política Distrital as listas de candidatura aos órgãos das Autarquias Locais, ouvidas a Assembleia de Secção e as Comissões Políticas dos Núcleos” e nos termos da alínea f) do Artigo 52 dos mesmos Estatutos, compete à assembleia de secção “dar parecer sobre as candidaturas aos órgãos das Autarquias Locais e aprovar o Programa Eleitoral, sob proposta da Comissão Política”.
Nos termos da alínea i) do nº 2 do Artigo 21º compete à Comissão Política Nacional, e não ao Presidente do Partido, “Homologar a designação dos candidatos do Partido à Presidência das Câmaras Municipais, nos termos do regulamento”.
Consultando o dicionário online da Porto Editora verificamos que homologar significa: “dar homologação a; aprovar; confirmar”.
Chegará o dia em que, perante estes actos dos Presidentes dos Partidos, as estruturas locais terão a coragem de pegar na chave, da estrutura local, e entregá-la ao Presidente do Partido dizendo-lhe: “faça favor, trate de tudo e candidate-se você e os seus amigos, que eu tenho mais do que fazer que aturar isto”.
Talvez, nesse dia, os órgãos nacionais dos partidos comecem a olhar para as estruturas locais com outros olhos; talvez, nesse dia, percebam que é preciso mudar o funcionamento dos partidos; talvez, nesse dia, as pessoas voltem a ter alguma confiança nos partidos; talvez, nesse dia, as pessoas voltem a ter algum interesse em se dedicar à política…
Se assim não for, os partidos continuarão a afastar as pessoas da política, a aumentar os números da abstenção, a aumentar o peso político dos extremos, porque continuarão a desacreditar no trabalho que localmente é feito, continuarão a desacreditar nas pessoas que, muitas vezes e com muita dificuldade, dão a cara pelos partidos, pelas suas ideias, pelos seus projectos.
Talvez nesse dia, Rui Rio já não seja Presidente do PSD!!!
Fernando Vaz das Neves
(Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia)