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O mundo caminha para que sentido? O que é que está a acontecer? Num mundo cada vez mais politizado, crescem ódios desnecessários, castram-se liberdades de forma aleatória. No sentido oposto da utopia, o mundo em que vivemos está em profunda distopia. Será este o sentido da vida e o que esperávamos da evolução da espécie humana?
O mundo está em profunda transformação. Aldous Huxley disse, no prefácio do seu Admirável Mundo Novo, que “para enfrentar a confusão, o poder tem sido centralizado e o controle governamental aumentado. É provável que todos os governos do mundo venham a ser mais ou menos completamente totalitários mesmo antes da utilização da energia nuclear (...) só um movimento popular em grande escala para a descentralização e a iniciativa local poderá deter a atual tendência para o estatismo".
Presentemente, não existe nenhum sinal de que venha a ocorrer tal movimento. Na altura em que a frase de Huxley foi reproduzida, estávamos em 1946, num período pós guerra.
Agora, 2020, encontramo-nos em permanente conflito e num limbo de voltarmos a governos totalitários, que crescem com o apoio popular. Vivem-se tempos de crise, de medos e incertezas.
Nos anos 40 Aldous estava longe de pensar no que aí vinha… um bichinho invisível que iria parar o mundo e fazer com que se reestruture tudo em que se acredita.
Entre cépticos, negacionistas, e aqueles que andam em pânico, tudo está em aberto e as propagandas são fáceis de difundir. Para já, o vírus está em vantagem, ganha terreno numa humanidade que cheia de bactérias vai-se enfraquecendo. Precisa-se de uma vacina de esperança, de fé na humanidade e é urgente uma nova adaptação a um mundo que para já não se sabe como vai ficar. Voltará tudo ao normal? O que será esse normal? Cairemos nas garras de poderes de outrora, que nos castram a nossa liberdade, o simples acto livre de estar com quem nos é querido.
Na Europa a visão de governos mais robustos cresce a um ritmo assustador. Berlim, onde resido, uma cidade que jaz a sua base cultural no activismo e nos protestos, tem sido palco de manifestações pelas mais diversas razões, desde o clima, às rendas, e claro, contra as regras massivas que se assistem por toda parte por causa da pandemia que já ninguém consegue ouvir falar. Um massacre de informação, que na sua maioria, serve para impor o medo.
Na passada semana um protesto gigantesco contra estas regras, juntou na capital germânica milhares de pessoas, que vieram de toda a Alemanha. As opiniões dividem-se, numa terra onde é tudo ou direita ou esquerda. Tudo é política! Mas entre tantos milhares de pessoas há quem veja estes protestos com bons olhos, como os apoiantes de um partido que tem vindo a ganhar votos na Alemanha, o polémico AFD.
Esta divisão entre apoiantes de um e outro lado tem provocado alterações até na forma de socializar. Um apoio de algo fora de suas crenças políticas põe em causa a relação entre pessoas e por vezes a cisão é fatal. Pergunto-me: será mesmo isto tudo necessário? Mais barreiras num Mundo com feridas de guerra e onde os muros ainda existem silenciosos.
Esta divisão social com uma visão politizada aconteceu também no Brasil e nos Estados Unidos. O abismo entre ideias de esquerda e direita está aí. Assistimos na América a um momento que se apelidou a volta da fé na humanidade, um gesto humano de quem por cá anda. Esperemos que assim seja, que este exemplo vindo das Américas sirva e que, aqui sim haja uma globalização, não de politiquices, mas de olhos postos no futuro e num mundo um bocadinho mais bonito. Tal como disse Biden no seu discurso na ressaca das eleições, “não quero saber de estados azuis, de estados vermelhos, quero os estados unidos”. O senhor até sabe fazer uns jogos de palavras. Resta-nos esperar pelos próximos episódios de todas estas novelas de um “Mundo Novo” que aí vem. Vamos ver se é “Admirável”!