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Caracas, 29 out (Lusa) - Os conselheiros das comunidades portuguesas na Venezuela estão preocupados pela falta de funcionários nos consulados-gerais, pela lentidão dos processos e pela exposição, em termos de segurança, dos utentes que desde cedo fazem filas para poder ser atendidos.
"Como sempre, o consulado (em Valência), está carente de funcionários. Apenas há quatro pessoas no balcão, que atendem diariamente entre 60 e 70 pessoas. Quando um deles vai de férias ou adoece a situação agrava-se porque reduz-se o número de funcionários", disse o conselheiro Leonel Moniz.
Em declarações à Agência Lusa, o conselheiro explicou que esse será um dos temas que espera abordar pessoalmente com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no âmbito da visita de quatro dias que o governante português realiza este fim-de-semana à Venezuela.
"Estamos na expetativa, a reunião (com os conselheiros) tem a ver com muitos fatores, porque estamos preocupados", disse.
Segundo Leonel Moniz a situação económica venezuelana é bastante difícil que há cada vez mais casos de portugueses a passar dificuldades, inclusive comerciantes.
"Como conselheiro e (dirigente da) Câmara de Comércio Portuguesa, atendemos um lote de 19 empresários que foram saqueados (em 2016) e que ainda não tiveram resposta, de parte do Governo venezuelano", frisou.
Por outro lado explicou que os conselheiros estão também preocupados pela segurança dos utentes que "começam a chegar às 04:00" à portal do consulado e muitas delas "ficam dormindo dentro do carro".
"Afortunadamente, até agora não passou nada de mau, mas preocupa-nos que esse gente esteja aí nos carros, com telemóveis na mão", disse.
Segundo o conselheiro há casos de pessoas que se deslocam até Valência, desde as cidades de San Cristóbal, Maracaibo, Mérida e Punto Fijo, e que não são atendidas porque já estão esgotados os números, e não têm dinheiro para pagar um hotel para ficar hospedado e acudir ao consulado no dia seguinte.
"Que haja uma atualização, porque as máquinas estão ficando velhas, obsoletas e isso faz demorar a elaboração de documentos. Há máquinas portáteis (de emissão de documentos) que se usam nas permanências consulares, que já não suportam os programas e ficam muito lentas, demora-se mais de 15 minutos para tramitar o pedido de passaporte de uma pessoa e ainda mais se de muda para um cartão de cidadão", frisou.
Durante o encontro com o Secretário de Estado os conselheiros esperam ainda abordar o tema da formação de funcionários.
"Antes os funcionários tinham a oportunidade de ir formar-se a Portugal e é preciso que eles se preparem. Também os cônsules honorários, para que possam saber o que fazer, como atual, perante alguma circunstância", frisou.
Na Venezuela existem duas circunscrições consulares, Caracas e Valência.
Na capital desde há algum tempo que "ressurgiram" as filas matutinas para entrar no consulado, no entanto, segundo explicaram vários conselheiros à Agência Lusa, o caso mais complicado é o de Valência.
Em Caracas, segundo fontes não oficiais, são atendidas em média 200 pessoas diárias, principalmente em quanto à emissão de passaportes, cartões de cidadão e pedidos de nacionalidade.