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Parece que em cada carta, e naquela que neste trabalho foi selecionada, há uma crítica à orientação vigente na época, e uma parte de proposta de reforma, podendo-se considerar um aspeto negativo e um outro positivo, causando, aquele, maior impacto, por colocar questões delicadas para a ordem imperante, nomeadamente, no que se relaciona com a Igreja, remetendo-se para plano secundário as manifestações das reflexões pedagógicas, situação que, naturalmente, conduziria a uma permanente tensão entre o autor e o Poder Constituído.
Igualmente afigura-se ponto assente, entre os críticos de o “Verdadeiro Método de Estudar”, que esta obra não prima pela originalidade, todavia, poder-se-á traçar uma ideia no sentido de referir que a obra revela uma seriedade notável na história da evolução das ideias pedagógicas, bem como a capacidade do autor para a integração de contribuições parcelares, desconexas e díspares, num conjunto organizado, revelando grande poder de sistematização.
Acresce, ainda, o facto de o autor demonstrar, então, grande visão da moderna pedagogia, inserindo nesta a necessidade de dar a cultura suficiente às mulheres. Em contraponto com os aspetos positivos da sua obra, verifica-se, no entanto, que nem todas as suas críticas foram equilibradas e justas, nomeadamente, as que fez em relação à poesia e à retórica, eventualmente, por serem exageradas e talvez unilaterais, tendo abordado algumas questões superficialmente.
A condição sacerdotal de Luís António Verney não o impediu de rejeitar certos eventos religiosos, designadamente, o milagre de Ourique e, nesta mesma qualidade, afirmaria que «os homens nascem livres e iguais e todos são igualmente nobres (…). Os homens insignes é que são os verdadeiros nobres», afirmação que, obviamente, não agradou a certo tipo de nobreza herdada.
Finalmente, parece pertinente, na então situação dos estudos filosóficos da época, não sobrestimar o período de transição, confusão e ecletismo de autores novos: atitude radical de oposição à tradição escolástica; repugnância pelos dogmas; o recurso às ciências experimentais com rejeição das ciências metafísicas. É de facto um período de grandes transformações de mentalidades e, como tal, deve ser entendido o posicionamento dos autores.