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O Infarmed aprovou no início deste mês a primeira substância à base da planta da canábis para fins medicinais em Portugal. É a primeira e única preparação ou substância à base da planta da canábis para fins medicinais permitida no nosso país, - afirmou Rita Barata, directora-geral da Tilray Portugal, empresa que tem os seus produtos disponíveis em 16 países do mundo e está instalada em Cantanhede
Quando inúmeros estudos internacionais que provam desde há muito tempo as propriedades benéficas da Cannabis para a saúde do ser humano, nomeadamente na luta contra a dor crónica associada a doenças oncológicas, ou ao sistema nervoso, espasticidade associada à esclerose múltipla, lesões da espinal medula, náuseas e vómitos, resultantes da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para a hepatite C, epilepsia, diabetes, depressão, esquizofrenia, protecção cardiovascular, anti-inflamatória, estimulação do apetite nos cuidados paliativos, Portugal parece ter acordado finalmente.
A notícia é realmente encorajadora, mas esta autorização é também um tanto enganadora, pois os pacientes só poderão ter acesso a ela, depois de terem experimentado todos os outros tratamentos convencionais (das farmacêuticas) e se, esses não sortirem efeito.
Quando está provado que o uso da planta é seguro, não se entende os entraves criados e a “areia na engrenagem” que colocam no processo do uso mais alargado desta planta medicinal. Cheguei mesmo a pensar, que o Governo está refém da indústria farmacêutica.
Não acredito que esta renitência e atraso por parte do INFARMED seja para nos proteger, pois sabe-se que no nosso dia-a-dia, todos utilizamos “drogas” sejam elas com fins medicinais, ou recreativos; medicamentos químicos, café, álcool, tabaco etc. Nestes casos sim, está provado que estas drogas têm de longe efeitos mais mortais e devastadores na sociedade, que o hipotético uso da Canábis para fins terapêuticos ou mesmo recreativo.
No ano 2017 nos EUA, um número superior a 17 mil pessoas morreram de overdose de drogas ilícitas, como heroína e cocaína.
No que refere a overdose de medicamentos legais prescritos por médicos e farmacêuticos (analgésicos e tranquilizantes) nos EUA morreram também, mais de 25 mil pessoas. No que toca ao álcool, esse, uma substância ainda mais acessível e legal, no mesmo período matou mais de 30 mil pessoas.
Convém aqui referir que por overdose de Canábis, ainda não morreu ninguém, em qualquer parte do mundo. ZERO.
Um estudo recente do Global Drugs Survey, considera que o consumo de álcool representa um “problema perigoso, maior do que o de qualquer outra droga”. Esse estudo analisou o consumo internacional de álcool e outras drogas legais e ilegais e concluiu que o álcool liderou, com 94% dos consumidores em 2019, seguido pela canábis (64,5%) e só depois o tabaco (60,8%). Após a análise destes números elucidativos, os governos parecem estar mais preocupados com uma planta inofensiva, do que com o uso devastador do álcool.
Concluo que não faz sentido ver os pacientes em Portugal a correr riscos e até serem presos por adquirir no mercado negro essa substância no estrangeiro, produto esse que Portugal exporta às toneladas por ano. É por isso incompreensível, imoral e inaceitável que Portugal criminalize e marginalize os pacientes e os trate como se fossem meros traficantes, só porque supostamente, a indústria farmacêutica não abre mão do lucro. Isto é escandaloso e algo terá de mudar rapidamente.
Deixo-vos uma lista de algumas ligações para estudos fidedignos norte-americanos, para provar o que referi e que demonstram o potencial da canábis em vários tipos de cancro, desde o pulmonar ao cancro da mama.
Todos foram publicados no site da PubMed.