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No percurso natural da vida, à medida que vamos crescendo e desempenhado os nossos papeis sociais, aprendemos que em todas as actvidades existe, sempre, uma elite, e refiro-me a elite, no sentido dos melhores, aquilo a que o sociólogo italiano, Vilfredo Pareto, chamava “La creme de la creme”. Em todas as actividades há sempre uns melhores que outros, e isso pode resultar do esforço das pessoas, como pode resultar de características inatas dessas pessoas. Todavia, o cidadão comum, espera da elite comportamentos quase perfeitos, imaculados, olhando para eles como modelos para a sua vida. Quando a actividade em análise é a actividade política, aqueles que têm a obrigação de nos servir, nesse caso, ainda mais esperamos deles. Ainda me lembro de, quando jovem, acreditar que aqueles que nos representavam eram os melhores dos melhores.
Com o passar dos anos, fruto da “auto deterioração” da classe política, a minha crença esfumou-se, e hoje, tenho certa dificuldade em olhar para a maioria da classe política com algum respeito. A minha desilusão prende-se com factos concretos e não com os meus estados de alma. E a minha desilusão vem, por exemplo, do facto da mais alta figura do Estado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ser um dos principais responsáveis por isso e, estou certo, sou acompanhado, neste sentimento, por muitos mais portugueses. Marcelo, por muito inteligente que seja, não está talhado para o desempenho de funções políticas, muito menos para o desempenho do cargo de Presidente da República – apesar das sucessivas sondagens, que lhe conferem níveis de popularidade, como se fosse um actor de novelas – e isto porque o exercício de tais funções implica ter coragem de tomar decisões que podem gerar contestação de alguns interesses instalados na nossa sociedade. Marcelo não tem coragem para confrontos, ou seja, decidir e ser contestado não está no seu ADN, nem nunca esteve, como se verificou, no passado, quando abandonou a liderança do PSD por falta de coragem para o confronto. Vejamos dois exemplos, que deveriam envergonhar o Presidente da República.
Recentemente, Marcelo Rebelo de Sousa veio exigir celeridade à justiça, a propósito do acidente de carro do Ministro Cabrita, do qual resultou a morte de um cidadão português, quando, na verdade, a questão principal, aqui, em concreto, não está na morosidade da justiça, mas em todos os expedientes, de duvidosa legalidade, usados pelo Ministro para que não se saiba a verdade dos factos que aconteceram naquele fatídico dia. O Ministro Cabrita já deveria estar, há muito tempo, fora do Governo. Porém, para que isso acontecesse, era preciso que Portugal tivesse um verdadeiro Presidente da República, com a coragem de dizer ao Primeiro-Ministro, aquele cavalheiro, tem de sair por incompetência e má figura.
O segundo caso prende-se com a “investigação Miríade”, que envolve militares portugueses, acusados de pertencerem a uma rede criminosa internacional. Perante a gravidade da situação, o Presidente da República acha normal não ter sido informado pelo Ministro da Defesa. O Constitucionalista Marcelo, pelos vistos não sabe que há uma obrigação Constitucional de o Presidente da República ser informado sobre as suspeitas nas forças armadas. Mas Marcelo, não só não foi informado, como, pelos vistos, foi enganado, pelo Ministro da Defesa, quando disse, que terá tomado a decisão de não o informar, com base em pareceres jurídicos, pareceres esses que nunca existiram. Adpatando uma frase de Eça de Queiroz, com Marcelo “A Presidência da República deixou de ser um poder do estado, é uma necessidade do programa constitucional: está no cartaz, é necessário que apareça na cena”. E Marcelo adora aparecer em cena, nem que seja para dizer tontarias!!!
Fernando Vaz das Neves