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Todos nos lembramos da chegada de Rui Rio à liderança do PSD. Todo ele transpirava e respirava ética. Vindo do nevoeiro da corrupção, era o D. Sebastião da Ética, “O virtuoso”, salvador da pátria, que iria lavar os pecados da corrupção e dar um banho de ética à classe política.
Mas o problema é que a ética de Rui Rio durou o mesmo tempo que a chama de um fósforo. A ética não se apregoa, pratica-se. E esse é grande problema de Rui Rio. Apregoar, apregoa ele, mas praticar, nem pensar, pelo menos para ele e para os seus. Se Rui Rio fosse coerente teria que ter corrido com todos os seus apoiantes que estão a braços com problemas com a justiça, mas estes, como são dos dele, beneficiam de uma ética própria.
Rui Rio o homem que nunca quis misturar a política com o futebol, que acha que os dirigentes desportivos são todos uns malfeitores, certamente a pensar nos tempos em que o próprio fez parte dos órgãos sociais do Boavista, não teve agora qualquer problema ético em ir buscar pessoas ligadas ao futebol para serem candidatos autárquicos, nem vê aí qualquer problema.
Rui Rio, que eticamente achou mal as nomeações familiares deste governo, não vislumbrou qualquer problema ético em indicar o marido de uma Deputada do PSD para o Conselho Superior do Ministério Público. O “herói que veio do nevoeiro” , que que passa a vida a criticar a falta de eficácia da Justiça, atacou, vergonhosamente, uma decisão do Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do PSD, apenas porque essa decisão é contra ele. E aqui se vê que a ética de Rui Rio não passa de um verniz de má qualidade, pronto a estalar, ao sabor dos seus interesses. O comportamento do PSD de Rui Rio, neste caso, é a cópia do comportamento de Sócrates, que ele tanto critica.
Diz José Sócrates sobre a operação marquês “Todo este processo não passa de uma perseguição política”. Diz a Comissão Política Permanente do PSD, que é presidida por Rui Rio, sobre o Processo do CJN “Este é um processo político e não jurisdicional”. Diz Sócrates “isto é completamente absurdo, não tem lógica e é incongruente e fantasioso”.
Diz a Comissão Política Permanente do PSD “A confirmar-se a juridicamente fantasiosa e politicamente ridícula iniciativa”.
Mas também não poderia faltar o argumento, ético, de que este processo visa favorecer os adversários políticos e prejudicar a afirmação de Rui Rio. Ou seja, nunca, jamais, em tempo algum, se poderia sancionar o Presidente do partido, fizesse ele o que fizesse.
A posição oficial do PSD apenas procurou baralhar as pessoas e impor a verdade de Rui Rio. Baralhar porque está cheio de inverdades. Vejamos apenas uma: o Paulo Colaço, foi o instrutor do processo, mas convém que não se omita, que a decisão foi aprovada por unanimidade, ou seja, por todos os membros do CJN, entre os quais Fernando Negrão e Pedro Roseta, eleitos nas listas de Rui Rio. Contrariamente a Rui Rio, o Paulo Colaço não apregoa a ética, pratica-a no dia a dia, quer na vida pessoal quer na vida profissional. Todos nós conhecemos o rigor e a seriedade que ele coloca em tudo o que faz.
Rui Rio é o Groucho Marx do Século XXI, que deixará, como nota de rodapé da sua pequena história, a seguinte máxima:
“O que eu apregoo são os princípios éticos para a sociedade em geral. Mas para mim e para os meus amigos tenho outros.”
Fernando Vaz das Neves
(Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia)