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As crises recentes que enfrentámos enquanto coletivo - das migrações, da pandemia, e da mais recente agressão russa à Ucrânia - vieram reafirmar (mesmo para os mais distraídos) que no contexto mundial atual em que somos colocados perante desafios complexos, e ameaças mundiais de natureza transnacional, qualquer resposta ao nível do tradicional Estado-Nação será insuficiente, para não dizer insignificante. Neste contexto, a cooperação entre Estados e a partilha de políticas comuns ou supranacionais reveste-se de uma particular importância, sendo uma ferramenta imprescindível no contexto atual, quer para proteger os interesses do coletivo, quer para defender os interesses do Estado-Nação.
Apesar das críticas apontadas ao projeto europeu, nenhum crítico (ou cético) consegue negar um facto inquestionável: a UE foi o garante da paz, estabilidade e democracia entre países que historicamente travaram várias guerras regionais e duas mundiais. A natureza da UE assenta numa lógica de negociação e diálogo permanentes que permitem apaziguar tensões, construir respostas comuns que possam resolver as preocupações e interesses, por vezes, divergentes e assim chegar a compromissos que possam ser satisfatórios para o interesse coletivo, e para os interesses nacionais.
Esta negociação permanente tem tendência a tornar os processos de decisão lentos. Muitos apontam esta lentidão como o calcanhar de Aquiles do projeto Europeu.
Num mundo em mutação constante e rápida, a Europa só poderá pesar politicamente neste xadrez mundial instável, se for capaz de tomar decisões em tempo útil, sem perder tempo em imbróglios técnicos e burocráticos.
Para que tal aconteça, a Europa (tal como outras instituições multilaterais) terá de rever os seus métodos de funcionamento, tornando as tomadas de decisão mais céleres aproveitando o potencial ainda existente no Tratado de Lisboa ou, em alguns casos, abrindo uma discussão sobre uma possível - mas difícil - reforma dos tratados. Este não será um processo fácil e dependerá do eterno equilíbrio europeu entre soberania nacional e soberania supranacional.
Se quiser defender os seus interesses e responder às expetativas dos cidadãos, a Europa só poderá seguir um caminho: reformar-se, fortalecer a sua autonomia e assumir, por inteiro, o seu potencial político e económico.