Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!
Todos nós ouvimos, vezes sem conta, que o interior do país está a ficar despovoado e assistimos, impávidos e serenos, ao encerramento de muitos serviços. Da parte dos sucessivos Governos assistimos a discursos e mais discursos, ao elencar de um conjunto de pseudo medidas que supostamente deveriam contribuir para inverter a situação, mas que, na realidade, em nada contribuem para esse objectivo.
Não vale a pena andarmos com retóricas, a questão é simples, o Governo quer, ou não quer, desenvolver o interior de Portugal. Ou prefere, como até aqui, investir apenas no litoral e nas grandes cidades, apenas e só, porque é aí que se ganham as eleições, devido ao elevado número de eleitores dessas áreas? Claro está que, se os sucessivos governos tivessem tido como prioridade o desenvolvimento do interior, este estaria hoje muito melhor. O problema é que, para além nada terem feito que contribuísse para esse desenvolvimento, ainda contribuíram para agravar a sua desertificação com o encerramento de um conjunto de serviços aí existentes. Sem dúvida que são várias as condições necessárias para que as pessoas se instalem no interior do país. Todavia, julgo que a mais importante é a existência de postos de trabalho. Se não houver empregos ninguém vem para o interior. As Câmaras têm, e bem, ao longo dos anos criado um conjunto de condições com essa finalidade. Infelizmente só isso não é suficiente.
Torna-se, pois, necessário o que Governo crie as condições para que haja maior apetência para que os trabalhadores e as empresas se instalem no interior do nosso País. Mas mesmo assim há quem arrisque, quem, por amor à terra, decida investir no interior e aí criar postos de trabalho que contribuíram para fixar pessoas. Foi isso que fez, e bem, a Cooperativa Agro-pecuária Mirandesa, quando decidiu instalar-se na zona industrial de Vimioso, no distrito de Bragança.
A Cooperativa Agro-pecuária Mirandesa é a maior empresa do concelho de Vimioso, uma das maiores do Distrito de Bragança e uma verdadeira embaixadora desta região, ao exportar a carne Mirandesa (DOP) para os quatro cantos do mundo. O problema é a interioridade com que diariamente se debate, coisas que os que vivem no litoral, nem sequer imaginam. Cada vez que precisam de encomendar, por exemplo, caixas para embalar a carne, a empresa diz logo que só cá vem se trouxer um camião de caixas, o que implica, disponibilidade de tesouraria para pagar e capacidade de armazenamento. No século XXI e num distrito que tanta energia produz, a cooperativa debate-se com um grave problema de corrente eléctrica, apenas e só por má vontade da EDP, E-redes ou lá como se chamam isso e incompetência de quem governa. Os sucessivos cortes de corrente a que está sujeita, faz com que as máquinas avariem constantemente, provocando avultados prejuízos à empresa, que a colocaram na lista negra das seguradoras, sem culpa alguma.
É urgente que a EDP / E-redes tratem o interior do mesmo modo que o litoral. É urgente que o interior tenha as mesmas condições que o litoral. É urgente que a EDP instale em Vimioso a estrutura necessária para que as empresas possam desenvolver a sua actividade com normalidade e potenciem o seu crescimento.
Mas também é urgente que os autarcas do distrito, a CIM-TTM a Corane, a terra fria transmontana, a terra quente transmontana, e todos os Deputados eleitos pelo distrito se unam nesta luta, nesta exigência, esquecendo as partidarites e lutando sempre pelo bem-estar da nossa população. Hoje é Vimioso, amanhã será um outro concelho qualquer. Para aqueles que possam andar mais distraídos, Portugal começou aqui.
Fernando Vaz das Neves