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O congressista estadual luso-americano António Cabral considera que a grande diáspora portuguesa nos Estados Unidos “é importantíssima” para as relações bilaterais com Portugal e que será bom reforçar a comunicação dos dois lados do Atlântico.
“A diáspora é importantíssima nas relações entre os Estados Unidos e Portugal”, afirmou o congressista oriundo do Pico, Açores, durante a segunda edição da série “As Nossas Vozes” promovida pelo Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS) e Instituto Português Além-Fronteiras (PBBI).
“Portugal tem sido um bom parceiro dos Estados Unidos, mas a diáspora é sem dúvida a força que mantém e promove a melhoria dessas relações”, disse o democrata, que tem assento na Câmara dos Representantes de Massachusetts pelo 13.º distrito.
Considerando que “a diáspora portuguesa é fundamental”, o congressista afirmou que o reconhecimento disso pelas autoridades em Portugal “ainda precisa de ser trabalhado”, apesar de uma evolução positiva nos últimos anos.
“É preciso mais comunicação e mais intercâmbio entre os vários setores da comunidade na diáspora com Portugal”, afirmou, destacando o papel que a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) tem representado nesse âmbito.
“Precisamos de organizações como a PALCUS e outras para fazer um trabalho maior neste sentido”, sublinhou.
O representante, que emigrou para os Estados Unidos com a família aos 14 anos, disse que tem assistido a uma aproximação dos luso-americanos com a vida política local, o que considerou ser positivo.
“Há uma grande evolução da comunidade portuguesa em termos políticos, comparado com há vinte ou trinta anos”, afirmou. “É uma comunidade muito mais envolvida hoje, que compreende melhor a necessidade de participar e saber administrar publicamente os nossos interesses”, acrescentou.
No entanto, António “Tony” Cabral disse que há algum trabalho a fazer para envolver faixas da comunidade que estão mais afastadas dos lugares de decisão.
“Precisamos de mais envolvimento das mulheres da comunidade”, indicou. "Não só a nível político mas principalmente cívico das organizações”, disse, já que “as associações comunitárias geralmente são lideradas ainda por homens”.
Outro problema é a idade dos atuais líderes. “Temos que atrair mais juventude, temos que atrair mais mulheres para se envolverem diretamente na governação dessas associações comunitárias, e assim é que vamos ter progresso e manter essas organizações vivas”, considerou Cabral.
A questão passa muito pelo fluxo migratório entre Portugal e Estados Unidos, que estagnou nas últimas décadas.
“Temos tido pouca emigração e isso modifica as coisas. A comunidade começa-se a integrar e a juventude não necessariamente está envolvida ao ponto de manter algumas destas organizações cívicas comunitárias”, disse Cabral.
Ainda assim, mostrou-se otimista: “tem que haver um trabalho feito para alterar esta situação, mas eu acho que a comunidade tem futuro”, afirmou. “E a própria emigração poderá ter futuro”, salientou.
O congressista realçou a importância de haver mais luso-americanos inscritos para votar e até para se candidatarem a cargos públicos.
“Quem não está na sala não pode influenciar o que está a acontecer”, disse. “Se não temos representação, seja ao nível estadual, conselho municipal, comité escolar, não vamos poder influenciar o processo. É importante conseguir eleger mais pessoas e incentivar”, apontou.
Uma das mais recentes ações do congressista foi adicionar uma provisão à legislação que vai atualizar o sistema de votação em Massachusetts para que o website estadual dedicado tenha os processos também em português. A legislação está a caminho do governador para ser assinada.
“A comunidade portuguesa quando se envolve é imensamente respeitada”, destacou António Cabral.
A iniciativa “As Nossas Vozes” é uma parceria entre a PALCUS e o PBBI para debater temas que interessam à comunidade luso-americana em português.