April 22, 2025

Montenegro esta condenado…

Mar 29, 2024 Hits:2379 Opinião

IMPORTANTE: COMEÇAR BEM

Mar 26, 2024 Hits:1598 Opinião

PÁSCOA DE BENEVOLÊNCIA…

Mar 25, 2024 Hits:1579 Crónicas

Pai. Funções Benéficas…

Mar 19, 2024 Hits:1451 Crónicas

SECÇÃO DO PSD-BRUXELAS …

Mar 18, 2024 Hits:2487 Opinião

Touradas: prática cultur…

Mar 16, 2024 Hits:1810 Opinião

Chega Triunfa no Algarve:…

Mar 12, 2024 Hits:3766 Opinião

Crónicas de uma Portugue…

Mar 11, 2024 Hits:1951 Crónicas

NOITE ELEITORAL E A CONFU…

Mar 11, 2024 Hits:1442 Opinião

A mudança está nas mão…

Mar 08, 2024 Hits:1442 Opinião

Mulher, a seiva da vida

Mar 05, 2024 Hits:1035 Crónicas

AUMENTO DE PENAS DE PRIS…

Mar 04, 2024 Hits:1275 Opinião

Delenda Moscua

Mar 04, 2024 Hits:1269 Opinião

PROMESSAS ELEITORAIS

Mar 01, 2024 Hits:1546 Opinião

CANDIDATOS DO PS NA FEIRA…

Feb 29, 2024 Hits:2444 Opinião

Onde estava no dia 25 de Abril de 1974?

Jornada no concelho de Penamacor



Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!


            Em terras de Penamacor, a minha primeira paragem foi na aldeia de Águas. Entre edifícios antigos, casas com pátina e arquiteturas sem graça, nela prepondera a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, dos anos cinquenta do século xx. Concebida por Nuno Teotónio Pereira e edificada em terreno cedido pela família Megre, que também financiou o projeto, segue cânone modernista. Tem planta trapeziforme e duas naves: a principal, que converge para a capela‑mor, e uma nave lateral, cuja instrutura obedeceu a pedido dos Megres, com o batistério e três capelas. Vista de fora, a igreja não é bonita. Todavia, marca rutura e fala mais alto do que os restantes edifícios da povoação. No interior depurado, saliento: o jogo cromático; os painéis esculpidos e pintados da Via-Sacra; o crucifixo de Jorge Vieira na capela‑mor; a singular pia batismal (um barroco que veio da Ribeira de Alpreade) e a parede do batistério, forrada de placas cerâmicas e de tesselas.

            Quando cheguei a Águas, a igreja estava fechada. Perguntei num café quem ma poderia abrir e, em terra onde todos se conhecem, alguém nomeou o casal que tinha a chave e indicou‑me a respetiva morada. Tive Isabel Lourenço, antiga governanta da casa dos Megres, a dirigir a minha visita. Foi um privilégio. Senhora distinta por dentro e por fora, assistira ao início da construção da igreja e fez dela a sua segunda casa. Ao passo que palmilhávamos a área intestina do templo, Isabel febricitava de entusiasmo.

            Já em Penamacor, terra altaneira em parte rodeada de montado, fui ao Museu Municipal, que partilha instalações com o posto de turismo. O seu acervo generalista mergulha o curioso na história da região e integra peças de índole diversa, mormente vestígios arqueológicos, ferramentas caraterísticas de vários ofícios, alfaias e utensílios agrícolas. Dele destaco uma escultura de pedra, do século xɪɪ, que representa Santa Maria da Rocha, e uma artística mesa‑tabuleiro para o jogo de damas. Passei à vol d’oiseau pela secção de animais embalsamados, para isso me faltam o gosto e a vocação.

            Enquanto almoçava no restaurante A Cave — sem prato regional, mas com rissóis de leitão e pudim de ovos credores de vénia —, escutei uma conversa entre gente que se movia num universo de hipocorísticos e tive a perceção de que, sem projetos ou desígnios, a vida do Nano, da Tita, da Micá e da Bia se esgotava em avos e caramilhos.

            A elegância da fachada da Igreja Matriz não se repete no interior. Pelo contrário: a grande massa de cantaria aparente da capela‑mor é, em termos estéticos, incompatível com os outros elementos presentes, destrói a harmonia in situ e tira a vontade de observar a Santíssima Trindade pintada na cobertura em falsa cúpula.

            Dos tempos em que foi praça de guerra, Penamacor herdou uma zona monumental, situada no ponto cimeiro da vila. O passeio nessa área, outrora o recinto amuralhado do burgo medieval, há de incluir paragens para observar a Torre de Menagem, a Torre do Relógio e a Casa da Câmara (antigos paços do concelho), imóvel de planta retangular sob o qual se encontra uma porta que dá acesso ao bairro histórico. Já extramuros, merece referência o pelourinho, que ainda mantém as argolas nos seus ganchos de ferro forjado. Sairá mais feliz dessa coroa de Penamacor o viajante que associar o exame do património à contemplação da paisagem beirã.

            Para o fim da jornada, estava guardado o melhor pedaço. Na verdade, um dos que marcaram o meu giro pela Beira Baixa. Falo da visita à igreja do Convento de Santo António, outrora casa de franciscanos capuchos. A frontaria esconde um interior que regala a vista e a alma.

            Na nave, o teto — em falsa abóbada de berço — é um mundo de cor. Divide‑se em caixotões pintados com carrancas, aves, putti e motivos fitomorfos. As molduras dos caixotões, assim como os florões de remate, são de talha dourada. O púlpito, policromo, tem baldaquino e assenta em vistosa mísula na qual sobressai um anjo. O respetivo guarda‑corpos reparte‑se por painéis ornados de aves e de motivos vegetalistas e por molduras com acanto e putti. Resta saber se, perante a magnitude do arreio, quem ouvia o pregador seria capaz de se concentrar nas suas palavras. Dois retábulos de talha dourada ladeiam o arco cruzeiro da igreja.

            Na capela‑mor, a cobertura espraia‑se em caixotões de fino ornato. O retábulo de talha dourada que segue estilo nacional produz efeito cenográfico. Na tribuna, impera a imagem de Nossa Senhora da Conceição; arquivoltas helicoidais dão continuidade às colunas torsas decoradas com folhas de acanto que flanqueiam tal tribuna.

            Demorei‑me na igreja do Convento de Santo António, nunca me cansaria de ver o seu interior. Ainda tive direito a dois dedos de conversa com Idalina e com Ana Luísa, as funcionárias da Santa Casa da Misericórdia de Penamacor que me haviam aberto as portas do templo. Nelas percebi empatia com os idosos e, sobretudo no caso da primeira, abnegação e queda para o trabalho social.

Luso.eu - Jornal das comunidades
Paulo Pego
Author: Paulo PegoEmail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
Para ver mais textos, por favor clique no nome do autor
Lista dos seus últimos textos



Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades


A sua generosidade permite a publicação diária de notícias, artigos de opinião, crónicas e informação do interesse das comunidades portuguesas.


luso.eu Jornal Comunidades

A SUA PUBLICIDADE AQUI?

A nossa newsletter

Jornal das Comunidades

Não perca as promoções e novidades que reservamos para nossos fiéis assinantes.
O seu endereço de email é apenas utilizado para lhe enviar a nossa newsletter e informações sobre as nossas actividades. Você pode usar o link de cancelamento integrado em cada um de nossos e-mails a qualquer momento.

TEMOS NO SITE

We have 440 guests and no members online

EVENTOS ESTE MÊS

Mon Tue Wed Thu Fri Sat Sun
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

News Fotografia