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Quero acreditar que as nossas vidas nos foram dadas com um propósito, aproveitar essa plataforma para evoluirmos, e não como uma roda perpétua de insatisfação e busca de sensações. Acredito que podemos tornar-nos formas mais elevadas de nós mesmos, quem sabe, anjos, descobrindo dessa forma a nossa verdadeira identidade.
Um dia, anos atrás, foi-me dada a oportunidade de poder ser o Anjo de alguém. Foi uma honra, e uma responsabilidade enorme, que eu não entendi nem soube aproveitar.
A minha sede de novos conhecimentos era ainda imberbe, e o orgulho estúpido que na altura senti e tomei como meu, criado pela importância da tarefa, cegou-me, e não fiz o que deveria fazer. Não protegi como devia, não ajudei como poderia, não entendi qual teria de ser o meu papel, esqueci-me dos pequenos gestos, atenções e atitudes, e quando me apercebi dos erros cometidos, era já tarde, já não era o Anjo de ninguém. Naquela altura ainda os valores materiais tinham algum significado para mim, e a minha sensibilidade, que eu julgava grande, não passava de um arremedo. Ainda me era impossível ver, ler, sentir, entender.
Daí para cá tenho tentado ser o que deveria ter sido naquela altura, mas aquela perda fora irremediável, embora possa ser hoje alguém importante aos olhos da outra pessoa, e até objecto do seu amor.
Perdi a minha oportunidade de ter sido cuidador e possivelmente um bálsamo para os males do outro.
No entanto, apesar de nunca mais poder vir a ser o que fui durante breves meses, não desistirei até que os dias se acabem.
Persistirei tentando. Cuidando, importando-me, entendendo e mimando, grato por fazer parte da sua vida, com todas as minhas forças e em todos os momentos, apesar de me faltar ainda o sorriso pronto e a conversa leve sobre coisas boas, entre um milhar de outras coisas.
O meu desejo, cumprindo o propósito de aqui andar, é o de me transformar numa pessoa melhor, aumentando dia-a-dia o meu conhecimento, passo a passo, calmo e seguro, para melhor poder entender e, quem sabe, ajudar.
É que, como já disse numa outra altura, esta vida não se esgota aqui.
José Fernando Magalhães
“- Por decisão do autor, este artigo encontra-se escrito em Português, e não ao abrigo do «novo acordo ortográfico».”