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O princípio do ano nem sempre começou em Janeiro. No Egipto, coincidia com as cheias do Nilo. Nos primórdios da antiga Roma, o primeiro mês do ano começava no mês de Março, o mês em que a natureza começava a despertar. No ano 46 antes de Jesus Cristo, Júlio César mudou o começo do ano para 1 de Janeiro, instituindo assim o designado calendário Juliano derivado do seu próprio nome, Júlio, que seria substituído dezasseis séculos mais tarde, em 1582, pelo Papa Gregório XIII, designado calendário gregoriano que prevaleceu até aos nossos dias.
Alguns meses derivam de nomes de deuses. Por exemplo, Março tem a sua origem no deus Marte, o deus da guerra; Maio deriva da deusa Maia, a responsável pelo crescimento das plantas; Junho fazia referência à deusa Juno, que era considerada a protectora das mulheres. Outros têm origem em imperadores, tais como Julho que se refere ao ditador Júlio César. Agosto fazia referência ao imperador César Augusto. Há ainda meses que têm origem na ordem onde se situavam. Assim, o nome do mês de Setembro vem do latim septem, ou sete que era o sétimo mês do primeiro calendário romano que começava no mês de Março. Outubro tem a sua origem no latim octo por se situar no oitavo mês; Novembro vem também do latim novem, e Dezembro, da palavra latina decem ou dez. Era o décimo e último mês do primeiro calendário romano que tinha apenas dez meses.
Desde há séculos que Janeiro é o primeiro mês do ano. Janeiro deriva do deus da mitologia romana Janus (ou Jano), o deus das portas ou da passagem, o deus da renovação que tem duas faces, uma que está virada para trás que nos convida a olhar para o ano que acaba de findar e outra virada para a frente, incitando a projectar-nos para o futuro de um ano que começa, coincidindo com celebrações festivas para assinalarmos a passagem do ano. É quase uma necessidade passar o ano em conjunto quer ao nível privado, com amigos e família, quer em manifestações em praças públicas onde todos podem participar ou assistir, como, por exemplo, os bailes populares ou os fogos de artifício, alguns verdadeiramente famosos que, por vezes, são transmitidos na televisão.
Mas que sentido poderemos dar a esta passagem de um ano que se termina e outro que começa? Se esta época é matracada pelo constante consumo exagerado, não deixa de ser interessante perguntar que ritual gostaríamos de inventar para celebrar esta passagem, sem sermos obrigados a celebrá-la da mesma maneira, a comer, a beber, a dançar, interrogando-nos sobre o que pretenderíamos empreender neste ano, tendo em conto aquilo que não conseguimos fazer no ano que findou.
É nesta quadra que fazemos os nossos propósitos, que formulamos os nossos desejos, fazendo apelo, de preferência, ao mais profundo de nós próprios, sem nos deixarmos influenciar pela moda ambiente ou pela comparação social que, normalmente, não dura muito tempo.
Podemos ainda perguntar-nos que sentido damos às tradições que existem em alguns países, como por exemplo, na Espanha, comem-se bagos de uvas ou passas, na Itália, lentilhas, no Brasil trajam-se vestes brancas, em Portugal, afugenta-se o ano velho com a algazarra dos tachos e panelas. Noutros lugares faz-se uma fogueira para queimar o que é velho e os mais corajosos mergulham na água fria que revigora, dá saúde e nos limpa dos males do ano que passou. E assim tomamos fôlego e coragem para o ano que começa que é, no fundo, o que todos desejamos.