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A França inteira mobilizou-se para manifestar a sua consternação e repúdio pelo assassinato do professor Samuel Paty, que ensinava a importância dos valores da República e da tolerância numa escola de Conflans-Saint-Honorine, nos arredores de Paris.
Samuel Paty foi precisamente vítima da intolerância religiosa e do fanatismo que mina muitas sociedades europeias contemporâneas, por um jovem de 18 anos, que não integrava sequer a comunidade educativa e que reagiu desta forma bárbara à discussão, em contexto de sala de aula, em torno da liberdade de expressão, no quadro da qual se focaram os cartoons do profeta Maomé que no passado estiveram na origem de atos de violência e de extenso debate público em França e por todo o mundo.
Samuel Paty era visto como um homem de diálogo, que gostava da sua profissão e queria realmente ensinar os seus alunos. “Citarei o teu nome e o teu exemplo a todos os que quiserem exercer essa linda profissão”, disse um seu amigo.
A liberdade religiosa, a liberdade de expressão, o valor da democracia e do Estado de Direito, a separação entre Estado e religião, o respeito pelas diferenças e pelas culturas, são valores centrais da identidade coletiva das sociedades democráticas que nenhuma ameaça ou forma de violência pode condicionar.
A França voltou assim a ser atingida pelo terrorismo do fundamentalismo islâmico, como já antes acontecera aquando dos atentados chocantes e sem sentido de 13 de novembro de 2015 e como o que vitimou vários jornalistas da redação do jornal satírico Charlie Hebdo.
Todavia, este ato de violência gratuita traz consigo uma preocupação adicional, que decorre do facto de o ódio e intolerância terem ganho uma dimensão trágica a partir de mentiras e distorção intencionais da realidade que circula nas redes sociais, levando neste caso a um desfecho dramático.
Assim, a Assembleia da República, exprime os mais sinceros sentimentos à família, amigos e alunos de Samuel Paty, manifesta a sua solidariedade com a França e com o povo francês e condena o ataque chocante cometido em 16 de outubro contra um professor que ensinava os valores da liberdade de expressão e da tolerância religiosa.