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FALECEU CARLOS BAIÃO MORAIS REQUIESCAT IN PACE
Proprietário do Jornal “O Emigrante/Mundo Português”
A notícia abateu-se com estrondo, fustigando a monotonia de um dia normal, em tempo de férias. Numa sexta-feira malograda, numa hora e destino fatídico! O drama veio de mais um acidente rodoviário perto da sua área de residência e de trabalho. Pouco passava da 09h00 do dia 26 de Julho, quando a viatura em que seguia sozinho, embateu violentamente num separador da portagem Sintra-Cascais, arredores de Lisboa. O empresário contava 58 anos de idade e deixa-nos uma grande saudade!
Encontramo-nos várias vezes: numa das edições do EIT (Encontro Internacional de Turismo); nas manifestações festivas do Parque das Caldas, em Monção; na SISAB, Lisboa… E a última vez em Coimbra! Bebemos uma água e tomamos muita conversa sobre o seu trabalho, a sua ambição e persistência, o seu desejo de chegar sempre mais longe! Empreendedor nato prosseguiu, com muita dedicação, o trabalho e legado do pai, industrial gráfico, Comendador Valentim Morais co-fundador do jornal com o Pe. Victor Melícias, corria o ano de 1970 sob o impulso e lema: “Agir Servindo”.
Talentoso e diligente foi projectando a sua actividade com firmeza e ambição. Sempre a crescer atingindo os maiores patamares de sucesso efectivo. A SISAB – Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas, foi disso o melhor exemplo! Coroar de um abnegado trabalho, ponto de encontro para a promoção e exportação de produtos agro-alimentares sem precedentes. As várias edições do certame valeram-lhe honras do Estado Português e o reconhecimento de milhares de produtores; era um homem feliz ao lado daquelas personagens que visitavam a feira, incluindo os ministros de Estado, primeiro-ministro e Presidente da Republica, entre outros. Criador de eventos, o seu legado profissional e de acção em prol dos portugueses no estrangeiro foi extraordinário! O que o levou a dizer: “é por isso que este jornal é diferente, e é por isso que nos afirmamos como nenhum outro. Somos o espelho de todos vós e todos vós, o cidadão anónimo e a sua família, são a força que nos alimenta diariamente. Ser diferente é cada vez mais difícil na sociedade globalizante em que vivemos”.
Em 2015 foi, justamente distinguido pelo Governo com a Medalha de Mérito das Comunidades, em reconhecimento do seu trabalho junto e para a diáspora portuguesa no mundo.
O homem de olhos azuis e olhar incisivo tinha uma dedicação e carinho muito especiais em relação à sua família. Lembro-me de o ver com as filhas pela mão, lindas, como esbelto era o pai, orgulhoso da sua grei. Quis o destino, malogrado fado, que nos viesse a surpreender com este horripilante desfecho, colocando-nos a todos numa situação de tristeza e dor! Consumado que está o tétrico desenlace, cumpre-nos agora flectir perante o seu exemplo e a sua memória, dando continuidade à sua obra e projectos de futuro. A excelente equipa de trabalho que instituiu tem capacidade e força necessárias para dar seguimento à sua obra, através do jornal, mas também por via de outros eventos promocionais e de projecção de Portugal no Mundo. A melhor de todas as homenagens assenta nessa vontade em prosseguir o mesmo rumo de influência e asseveração profissional, com a mesma intensidade e paixão. Todos que o conhecemos e admiramos pelo seu empenho e dedicação, estamos investidos nesse ambicioso processo de valorizar e certificar todo o seu legado patrimonial.
O Governo, pela voz do seu secretário de Estado, José Luís Carneiro, manifestou “tristeza e pesar” pela morte do dono do jornal. Do mesmo modo o Presidente da República elogiou o “homem e profissional”, deixando ainda os seus votos de pesar à família enlutada. Pelo país, mas também através de representantes do mundo inteiro, chegaram as mensagens de condolências e desagravo; todos com o mesmo sentimento de perda e dor! Resta-nos o alento da esperança e da comunhão fraterna. Não somos de cá e temos o dever de estar preparados para o embate desta separação física. A morte em si mesma, não é tão negra como a pintamos. Tudo o que nasce volta a morrer de forma a dar vida nova, tal como o grão de trigo semeado. Neste momento de atormentação, quero deixar a toda a família um harmonioso enleio abraço e sentidos pêsames. Aos colegas de profissão e tantos amigos, deixo o abraço da confiança, da coragem e da audácia. Homens como o Carlos não morrem de todo; ficam para sempre na nossa vida.
Descanse em paz - Requiescat in Pace.
©António Fernandes