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Estive a 11 de junho ao Bois de la Cambre em Bruxelas a comemorar o 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, entre a comunidade portuguesa residente na Bélgica que sempre se associa a este tipo festejos. Foi a oportunidade para matar saudades das sardinhas assadas, que estavam muito boas, de acordo com quem as comeu, gordas e suculentas de barrar o pão ou a broa conforme o gosto de cada um.
Neste particular aspeto, confesso, não pareço nada ser português, pois não gosto de sardinhas, muito menos do odor que fica nas mãos para não falar do cheiro que se liberta da assadura. É uma combinação explosiva à qual a maioria não consegue resistir, mas que sobre mim tem o efeito contrário.
Na festa não faltam o frango assado na brasa, cujo sabor não se compara se for assado na brasa e a chouriça igualmente assada, nem a barraquinha das farturas da qual me abeirei, mas só me abeirei, e logo desandei não fosse o diabo tentar-me mais do que o devido e lá se ia o fraco rigor da dieta no troco de uma fritura levemente dourada debruada a açúcar branco e acanela.
Nestas andanças nunca faltam as belas das febras de porco que igualmente resolvem a questão das saudades da terra, embora o pão seja de baguete, nada a ver com o nosso papo-seco ou carcaça, mas enfim, que diabo, é o sucedâneo possível a dois mil quilómetros de casa, mas desde que o tempero esteja a preceito e a mostarda encubra os outros sabores, passa-se a achar estarmos em presença do verdadeiro sabor autêntico.
Para matar a sede está bom de ver que só as mines ou as imperiais de marca Sagres ou Super Bock são permitidas no recinto, vedando-se de logo a possibilidades às primas Primus, Stella Artois, Alken Maes ou Jupiler de entrarem neste campeonato da saudade. O vinho não pode também faltar e havia com fartura, tanto tinto como branco geladinho, e também algum rosé que é só para quem é intimo dos Mateus.
Bandeiras, bandeirolas e bandeirinhas encontravam-se espalhas em profusão, quase de certeza disponibilizadas pela embaixada de Portugal, para decorarem o espaço a preceito e darem e afinarem os tons com que todos vestimos nestes dias a mesma camisola rubra e verde da esfera armilar.
Neste género de celebrações é da praxe que haja um momento oficial, por assim dizer, calhando normalmente essa função ao embaixador residente. Foi o que aconteceu. À hora marcada no programa lá subiu ao palco o representante da República Portuguesa junto do Reino da Bélgica, o embaixador Jorge Cabral, que além de reiterar o seu apoio e o do corpo diplomático e técnico da Embaixada à Comunidade, colocou a tónica do seu breve discurso na importância das novas gerações aprenderem o português e o incorporarem no seu dia a dia como instrumento de comunicação.
De referir aqui que o Instituto Camões esteve presente com um stand próprio assim como o banco do Estado, que o mesmo é dizer Caixa Geral de Depósitos.
Em representação do Governo esteve alguém que conhece muito bem Bruxelas por aqui ter vivido vários anos, o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, que entre muitas outras responsabilidades, chegou a chefiar a DG CONNECT da Comissão Europeia, o qual na sua intervenção aludiu a importância das facilidades permitidas pelo Consulado Virtual para a nossas comunidades.
Falando em palco, por ele passou um cantante do estilo pimba, que sinceramente nunca tinha ouvido falar, de seu nome Pedro Miguel, tendo entanto deixado boa impressão com a sua venenosa canção. Sendo esta edição da festa dedicada ao Alentejo o que mais se viu no palco foram ranchos do Minho a darem ao pé e a puxarem pela voz, o que não rimou lá muito bem.
Estas festas, já se sabe, variam muito pouco umas das outras, é mais vira o disco e toca o mesmo, que o mesmo é dizer, vira o ano que o cheiro a sardinhas é o mesmo. Mas a gente gosta de gostar das coisas da nossa terra. E tanto assim é que já no próximo fim de semana teremos o melhor de Portugal no parque do Cinquentenário. Até para a semana no sítio e à hora do costume.